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Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004.
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Valeu, governador Tarcísio! Os negros paulistas merecem um feriado

Uma decisão histórica o sancionamento da lei estadual em homenagem ao dia do aniversário da morte do líder negro e herói nacional Zumbi dos Palmares

Por José Vicente
Atualizado em 15 set 2023, 10h17 - Publicado em 15 set 2023, 09h57

No país em que a vergonha da escravidão se arrastou por quase quatrocentos anos, tendo dilapidado a vida de milhões de homens e mulheres negros, e que, depois, manteve todos eles acorrentados pelo racismo e a discriminação contra toda sua descendência, são mais do que imperativos todos os esforços no sentido de reconstituição das feridas morais que marcaram os que nos antecederam. Nossa geração é desafiada para que essa revisão história seja realizada com severidade, profundidade e com movimentos simbólicos de grande repercussão.

A luta dos brasileiros pela liberdade, igualdade e respeito à dignidade da pessoa humana começou com a rebeldia do primeiro negro escravo que pisou no solo desse país. Foi com eles e nos quilombos que negros, brancos, índios, homens, mulheres e jovens construíram um país alternativo àquele do absolutismo, da opressão, da escravidão e da violência. Os quase seis mil quilombos ainda existentes no país são a prova dessa vanguarda, e a denúncia e luta diuturna contra o racismo e o extermínio da juventude negra a expressão da emergência e permanência dessa desse estado de compromisso imemorial.

Foi o sentido dessa luta que manteve o negro vivo e liberto até os dias atuais. É o espírito dessa coragem e dessa sede de justiça e igualdade herdados dos seus ancestrais que fortalecem, expandem essa luta na defesa inconcessível dos propósitos civilizatórios da humanidade. Foi essa luta e esse sentido que resgatou Zumbi dos Palmares da marginalidade histórica e apagamento social para transformá-lo no herói nacional de todos os brasileiros. Foi o ímpeto e a potência dessa chama que reivindicou e definiu o dia de sua morte como o dia da consciência negra e tornou feriado essa data em oito capitais e quatros estados. É essa a luta mais inovadora e mais transformativa ação política que tem reconfigurado a fisionomia do Brasil promovendo avanços e conquistas sociais, políticas e civilizatórias de relevada grandeza.

Com 40% por cento de negros, o Estado de São Paulo é o maior ajuntamento de negros da América do Sul e um dos maiores países negros africanos fora da África. Foi a força, o trabalho e a energia dos negros nos cafezais, a grandeza ética de Luís Gama, o pensamento de Machado de Assis e Oswald de Andrade; de Teodoro Sampaio, dos Irmãos Rebouças, a participação da Legião Negra de mais de 2000 mil soldados negros na Revolução Constitucionalista que, a final constituíram, a estrutura da possante locomotiva do País.

Por isso, e com um profundo sentimento de fraternidade, alegria e gratidão civil que reputo como uma decisão histórica o sancionamento da lei estadual que torna feriado em todos os municípios paulistas o dia do aniversário da morte do líder negro e herói nacional Zumbi dos Palmares.
Faltava a esse negro paulista o reconhecimento, o referenciamento e mesmo a reparação pela epopéia de luta e resistência que moldou a fisionomia do estado mais negro do Brasil. Um estado de luta, de operosidade de profunda competências e que, apesar dos pesares, tornou-se um estado construído e constituído de mil raças. Um estado da diversidade e um estado de Consciência. Agradecimento profundo ao deputado Teonílio Barba do Partido dos Trabalhadores, autor do projeto de lei e nossa gratidão ao governador sensível e sensato de todos os paulistas, Tarcísio Freitas.

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