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José Vicente

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Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004.
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Sem investimento em educação, não teremos reindustrialização

Não é possível falar em retomada do setor sem fornecer aos jovens o conhecimento necessário

Por José Vicente
Atualizado em 15 Maio 2024, 23h43 - Publicado em 20 jun 2023, 19h49

Diz-se acertadamente que não existe na literatura econômica nenhum país que alcançou um lugar ao sol que não tenha tratado com prioridade, responsabilidade e extrema competência a criação e consolidação da sua indústria e promovido o dinamismo e proteção do seu parque industrial. É a indústria que gera empregos formais de qualidade, que paga os melhores salários médios, recolhe eficientemente os impostos, garante a atualização tecnológica e promove profundo impacto e desenvolvimento profundo em toda a cadeia produtiva e no seu entorno social.

É indiscutível, assim, que o novo impulso de retomada de um projeto estratégico de desenvolvimento, crescimento e protagonismo internacional para o Brasil passa acertadamente pela inexorável redefinição e um novo desenho e posicionamento estratégico dinâmico, intenso e com alta capacidade de entrega, sustentabilidade e resolutividade da indústria brasileira.

É indispensável, assim, debater e conceber mecanismos de aumento da produtividade, equalização dos custos, acesso e internalização das novas tecnologias, fontes de financiamento, setores estratégicos de intervenção, regramento tributário justo e estimulante, e ambiente jurídico previsível e seguro. Mas é antes de tudo essencial discutir como criar a condições inexoráveis para fazer toda essa maquinaria rodar. Em outras palavras, qualidade, quantidade, habilidade e competência de conhecimento e educação da sua força de trabalho; como produzir o volume e qualidade dos recursos humanos indispensáveis.

Foi essa a principal estratégia de todos países fortes e vitoriosos e é esse o combustível principal de todas grandes economias de relevo ou ambiciosas dos dias de hoje. Seja nos Estados Unidos, onde quase 65% dos jovens estão no ensino superior, mas também no México e Peru com taxas de mais de 50%, ou mesmo aqui na vizinhança, onde Argentina e Chile possuem taxas médias de 25% , contra a taxa média brasileira de 17%.

Se lembrarmos, ainda, que China, Coreia, Japão, contemporâneos do Brasil na partida para o crescimento fizeram da educação uma arma de guerra para somente depois se transformarem em potências econômicas, que dizer de uma sociedade que mantém a educação na vala comum das prioridades? Que dizer de uma sociedade em que poucas pessoas de talento e capacidade têm vocação, interesse ou disposição para engrossar as fileiras dos poucos bravos e limitados professores? Que dizer de potência, onde, tão somente, um terço da média mundial dos jovens tem disposição, capacidade ou entusiasmo para sentarem-se nos bancos universitários?

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Que dizer de uma sociedade onde a maior parte dos jovens em formação não entendem o que leem, tem dificuldade extrema de formular um juízo crítico e uma completa inapetência no acesso e no manuseio das ferramentas tecnológicas e do novo mundo digital? Que dizer de uma sociedade onde mais de 10 milhões dos seus jovens de 15 a 29 anos não estudam, não trabalham, por total e irremovível situação de desalento, falta total de ambição e descrença sobre qualquer propósito de vida?

Como fazer revolução sem os soldados municiados por educação de impacto, alta qualidade, estimulante e libertadora? Como vencer essa batalha sem sonho, fé e utopia? Por uma nova industrialização onde, primeira e concomitantemente jorre conhecimento, abunde educação de qualidade, e convide e estimule os jovens a terem fé, crença e espírito animal para ambicionar e transformar a indústria, realidade e o mundo a sua volta.

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