Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

Servidores fizeram o que Bolsonaro evitou, e salvaram o erário

Servidores de carreira salvaram o erário em obscuras transações, no valor de R$ 5,9 bilhões, que o presidente da República não soube, mas não quis apurar

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jun 2021, 17h57 - Publicado em 26 jun 2021, 09h15
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A CPI está expondo a engenharia de um estranho negócio de R$ 1,6 bilhão, o equivalente a US$ 326,5 milhões pelo câmbio de ontem.

    Foi peculiar e nada transparente a aquisição da vacina indiana Covaxin com corretagem privada nacional e o auxílio do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, do PP do Paraná, ministro da Saúde no governo Michel Temer.

    O Ministério da Saúde aceitou pagar preço superior ao de outras vacinas e 1.000% maior do que havia sido anunciado pela própria fabricante seis meses antes do contrato com o Ministério da Saúde. O produto encomendado hoje não chegou e sequer recebeu aval da Anvisa para uso no programa nacional de vacinação.

    Não se trata, porém, da primeira transação bilionária e obscura na administração Jair Bolsonaro.

    Na vacina, o alarme foi dado por Luis Ricardo Miranda, chefe de Importações da Saúde, que ontem deu um longo depoimento na CPI da Pandemia.

    Caso semelhante foi o da compra de mais de um milhão de computadores para escolas. Nesse, a bandeira vermelha foi levantada por auditores da Controladoria-Geral da União (CGU).

    Continua após a publicidade

    É notável que servidores de carreira tenham salvado o erário num par de obscuras transações, no valor somado de R$ 5,9 bilhões (ou US$ 1,2 bilhão), que o presidente da República não soube, mas não quis apurar.

    O governo ainda não completara oito meses de existência quando, em agosto de 2019, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) anunciou um pregão eletrônico (nº 13/2019) para a compra de mais de 1,3 milhão computadores, notebooks e laptops para distribuição na rede pública de ensino.

    A licitação tinha um custo de R$ R$ 4,3 bilhões, corrigido pelo IGPM — equivalente a US$ 877,5 milhões, pelo câmbio de ontem. É valor 2,7 vezes maior que o da contratação da vacina indiana.

    Na CGU chegou um um e-mail indicando os riscos de sobrepreço e de conluio empresarial na compra de 55,5 mil “computadores interativos”; 2017,1 mil “laptops educacionais”; 229,9 mil “notebooks educacionais” e 570,7 mil “tablets educacionais”.

    Continua após a publicidade

    Nas quatro semanas seguintes os auditores reviraram os dados da licitação. Escreveram 75 páginas mostrando que estava tudo errado — quantidades, preços e procedimentos legais, como relatou na época repórter Aguirre Talento.

    Mais de 351 escolas municipais, em todo o país, receberiam mais de um laptop por estudante.

    Num exemplo, demonstraram que a direção do FNDE previa adquirir 30.030 laptops para os 255 alunos da Escola Escola Municipal Laura Queiroz, de Itabirito (MG). Ou seja, 118 máquinas para cada estudante.

     

    Relatório CGU, 2019, sobre irregularidades em compras do FNDE
    (Reprodução/VEJA)
    Continua após a publicidade

     

    Ainda em Minas, cada um dos 36 alunos da Chiquita Mendes, de Santa Bárbara do Tugúrio, receberia cinco. E os da Cônego Romeu, de Coqueiral, e da Eva Freire, de Itambacuri, teriam quatro por cabeça em sala de aula.

    Duas das fornecedoras, a Daruma, de Taubaté (SP), e a Movplan, de Ribeirão Preto (SP), apresentaram carta-proposta com mesmo texto, igual até no erro de concordância gramatical.

     

    Relatório CGU, 2019, sobre irregularidades em compras do FNDE
    Relatório CGU, 2019, sobre irregularidades em compras do FNDE (Reprodução/VEJA)

     

    A auditoria levou à revogação do edital e à queda da cúpula do FNDE, que funciona como espécie de caixa de financiamento da Educação. O governo preferiu abafar o assunto. Até hoje não se sabe como surgiu esse edital e nem quais foram os responsáveis.

    Continua após a publicidade

    Bolsonaro seguiu o mesmo roteiro no caso da vacina indiana. Soube de tudo no dia 20 de março, mas preferiu não mandar apurar porque no seu governo “não existe corrupção”.

    Três meses depois, diante da revelação e da investigação da CPI da Pandemia, ele, enfim, tomou uma providência: mandou um dos suspeitos anunciar uma investigação — contra o servidor público que denunciou.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.