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Quase dois terços dos eleitores aceitam privatizar a Petrobras

Venda da maior empresa do país tem apoio de 67%, segundo o Ipespe, desde que condicionada à redução dos preços dos combustíveis. Sinaliza o fim de uma era

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 Maio 2022, 09h19 - Publicado em 21 Maio 2022, 08h00

Jair Bolsonaro conduziu a Petrobras a uma bem-sucedida tocaia política.

Mudou a direção três vezes e submeteu-a um ano de julgamento público, repassando a culpa pela própria imprevidência administrativa — a inflação dos combustíveis.

Em qualquer lugar do planeta seria bem-vinda uma empresa que no espaço de doze meses produzisse lucro de R$ 106 bilhões, pagasse R$ 203 bilhões em impostos e se comprometesse a investir outros R$ 192 bilhões nos próximos 48 meses.

No país governado por Bolsonaro, porém, ela é qualificada como “Petrobras Futebol Clube”, produtora de “lucros absurdos”.

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Ele jamais mencionou o que o governo fez, e continua fazendo, com a parte que lhe cabe no lucro — R$ 40 bilhões do total de R$ 106 bilhões em 2021.

Em dimensão, é comparável ao prejuízo registrado em meados da década, quando a empresa quase foi à lona em decorrência de atos de má gerência e de corrupção, cujo histórico está registrado nos inquéritos da Operação Lava Jato.

Na origem do lucro está a valorização do preço internacional petróleo e do dólar, em relação ao real. O Brasil também ganha com isso, porque o desenvolvimento da exploração no pré-sal, a partir do governo Lula, transformou o país num dos dez maiores exportadores.

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Bolsonaro nunca explicou, também, porque essa dinheirama repassada ao Tesouro Nacional jamais foi usada para mitigar os impactos domésticos da alta mundial de preços do óleo e derivados.

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(./VEJA)

Há projeto no Congresso para criação de um fundo específico, mas foi desprezado pelo governo. Começou a tramitar em abril do ano passado, quando o petróleo estava em 60 dólares o barril. Com a guerra da Rússia na Ucrânia estacionou acima de 100 dólares. Ontem fechou  em 110 dólares.

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Depois de um ano de intensa campanha pública contra a companhia controlada pela União, Bolsonaro já tem motivos para festejar.

O ardil funcionou: vender a Petrobras deixou de ser tabu político.

Agora é ideia aceita por quase dois terços (67%) do eleitorado, mostra o Ipespe em pesquisa realizada entre segunda (16) e quarta-feira (18).

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Pragmáticos, os eleitores acossados por uma inflação de dois dígitos — alavancada pelo custo da energia e dos alimentos —, aceitam a privatização da maior empresa do país desde que resulte na redução dos preços cobrados pelo gás de cozinha, óleo diesel e gasolina.

Sem essa condicionante, o apoio é menor, mas significativo: 38% estão a favor da venda da Petrobras, contra a maioria de 49% que prefere mantê-la como está, sob controle do Estado e em parceria com mais de 700 mil sócios privados, nacionais e estrangeiros.

O resultado representa uma vitória inestimável para o governo. A ideia de vender a Petrobras divide, mas avança para a aprovação por ampla maioria sob uma circunstância específica.

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É uma obra política, e Bolsonaro já deu sinal verde para um projeto de privatização, capitaneado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).

O mais notável nessa manobra, porém, é como o governo atraiu e a oposição caiu na armadilha da desqualificação da Petrobras, dos lucros absurdos” e da “espoliação” do povo promovida pelos acionistas privados.

O adversário Lula, do PT, se diz contra privatizações de qualquer natureza, classifica as estatais como “estratégicas”, mas resolveu demonizar a Petrobras pelos preços dos combustíveis e os lucros “distribuídos em dividendos, sobretudo para os acionistas americanos, que têm muito interesse na Petrobras”.

Atravessou meses repetindo: “A Petrobras não é um patrimônio, não é uma empresa privada. A Petrobras não tem que pensar só em lucro, a Petrobras tem que pensar no bem-estar de 213 milhões de brasileiros, aqueles que estão no Sul, no Nordeste, no Sudeste, no Centro-Oeste. A Petrobras é de todos.”

Líderes nas pesquisas, Lula e Bolsonaro ajudaram a moldar uma nova imagem pública da Petrobras, oposta à do “patrimônio nacional”, de ícone do nacionalismo que embalou a direita e a esquerda na política brasileira nas últimas seis décadas.

O resultado está aí. Sinaliza o fim de uma era. Uns celebram, outros se preocupam.

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