Último mês: Veja por apenas 4,00/mês

APURAÇÃO DAS ELEIÇÕES 2024

Imagem Blog

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

Bolsonaro deixou a Petrobras no alvo de uma tocaia política

Aparentemente, não há motivação pessoal na conspirata. São apenas negócios, sob o manto da campanha eleitoral

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 mar 2022, 08h00

A presidência da Petrobras está, de novo, no alvo de uma tocaia política. Aparentemente, não há motivação pessoal na conspirata.

No Palácio do Planalto e no Congresso, ninguém se queixa do presidente da empresa, Joaquim Silva e Luna, 72 anos, pernambucano, general na reserva e ex-ministro da Defesa no governo Michel Temer. São apenas negócios, sob o manto da campanha eleitoral.

Se tudo sair como previsto até ontem, é possível que Silva e Luna e outros diretores estejam fora do comando da maior empresa do país antes do feriado de 1º de maio.

Como ele já avisou que não se demite, resta a alternativa de uma cerimônia de adeus dentro do manual da legislação das sociedades anônimas. Jair Bolsonaro recebeu um cardápio de alternativas de manobras, a partir de mudanças no Conselho de Administração.

Bolsonaro gastou as últimas três semanas transformando a companhia de petróleo em vilã da campanha eleitoral.

Contou com a ajuda da trilateral do Centrão — o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; o presidente da Câmara, Arthur Lira; e, o dono do do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto.

Continua após a publicidade

Por razões diferentes, ganhou a dissimulada solidariedade dos críticos da oposição.

Mudar o presidente e parte da diretoria da Petrobras virou questão eleitoral “estratégica” e de interesse comum. Porque permite a auto-absolvição de todos ,no Planalto e no Congresso, no drama que inferniza a vida dos eleitores, e para a qual os candidatos têm dificuldade de responder objetivamente: por que a gasolina, o diesel, o gás de cozinha e os alimentos estão tão caros e os preços tendem a continuar subindo?

Culpar a Petrobras é saída política conveniente no momento. A empresa teve lucro recorde no ano passado, quando Vladimir Putin ainda planejava sua guerra na Ucrânia. Foi lucro “absurdo”, na qualificação de Bolsonaro e de candidatos presidenciais da oposição. Somou R$ 106 bilhões em transferência aos bolsos dos acionistas.

A maior fatia, R$ 40 bilhões, foram entregues ao governo federal, que controla a empresa (51% do direito a voto). O restante acabou partilhado entre sócios privados, estrangeiros e nacionais — entre esses, gente comum a que, anos atrás, se permitiu aplicar um pedaço do fundo trabalhista (FGTS).

O lucro “absurdo” brotou na esteira da valorização mundial do petróleo. Em dimensão, é comparável ao prejuízo registrado em meados da década, que, quase levou a empresa à lona.

Continua após a publicidade

O problema é essencialmente político. O petróleo sobe, derivados e alimentos também, e aumentam a corrosão do poder de compra do eleitorado, já empobrecido por uma inflação (10,2% ao ano) alta e disseminada na economia.

Nas circunstâncias de uma acirrada campanha eleitoral, é adequado apresentar ao público um culpado conveniente para escapar de questões inconvenientes.

Alguns exemplos: por que o país não tem política de estoques estratégicos, reguladores, tanto para combustíveis  quanto para alimentos? Por que governo e oposição atravessaram um ano inteiro analisando propostas legislativas para instituir um fundo de amortecimento dos preços dos combustíveis, e até hoje não chegaram a uma conclusão? Por que se gastaram mais de US$ 20 bilhões (R$ 100 bilhões) em projetos inviáveis de refinarias, como a de Pernambuco, ou que nunca saíram do papel, como as do Maranhão, do Ceará e do Rio?

A Petrobras é o maior ativo estatal disponível antes, durante e depois de qualquer eleição presidencial. A crise que está aí foi embalada pela guerra de Putin, mas não sua gênese está além das oscilações recentes nos preços do petróleo e dos derivados.

O motivo real é a longeva disputa pelo controle dos contratos de fornecimento de bens e serviços à  companhia — ocasionalmente lucrativa e sob controle do Estado.

Continua após a publicidade

A rotina de interferências políticas na gestão tem custado caro à sociedade. Um recente processo em tribunal dos Estados Unidos custou nada menos que R$ 4 bilhões em indenizações a acionistas privados. Eles se sentiram roubados nas maracutaias reveladas pela Lava Jato.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.