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José Casado

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Informação e análise
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Procura-se quem sabia e lucrou milhões com o terror do Hamas

Ainda não se sabe quem se beneficiou da informação privilegiada, mas é certo que ganhou dinheiro ao apostar na queda das ações israelitas com o atentado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 18h44 - Publicado em 7 dez 2023, 08h00
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  • Terrorismo pode ser negócio altamente lucrativo na economia digital porque a legislação sobre crimes no mercado de criptomoedas é incipiente e os governos e os órgãos de controle do sistema financeiro não estão preparados para essa nova realidade.

    Exemplo: alguém lucrou milhões de dólares em cima do atentado terrorista do grupo palestino Hamas contra Israel, no dia 7 de outubro, em que morreram pelo menos 1.200 pessoas.

    Ainda não se sabe quem se beneficiou da informação privilegiada. É certo, porém, que ganhou muito dinheiro com apostas na queda de preços de ações de empresas de Israel realizadas na semana anterior ao atentado.

    É o que mostra um estudo publicado na segunda-feira (4/12) pelo economista Robert Jackson Jr., antigo dirigente da SEC, equivalente americano à brasileira Comissão de Valores Mobiliários, em parceria com Joshua Mitts, professor na Universidade de Columbia.

    Eles analisaram padrões de comportamento de fundos na bolsa israelense nas semanas anteriores ao ataque do Hamas. Documentaram operações anômalas em série, coerentes com o modelo de transações financeiras baseadas em informações privilegiadas.

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    Descontada a hipótese de sorte em cascata, tudo indica que uma ou mais pessoas, com intimidade ou proximidade suficiente ao comando do Hamas sabia do atentado.

    É fato relevante por inúmeras razões. Uma delas: diferentes governos acham que muito pouca gente no comando do Hamas conhecia o plano de ataque.

    Pouco antes, foram feitas várias apostas  na queda das ações israelitas. “Documentamos um aumento significativo nas vendas a descoberto no Israel Exchange Traded Fund (ETF)” — relatam Jackson Jr. e Mitts. Depois da sangrenta manhã de 7 de outubro, o apostador (ou apostadores) só teve o trabalho de coletar os lucros.

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    Jackson Jr. e Mitts contam: “Dias antes do ataque, os traders [operadores do mercado financeiro] pareciam antecipar os acontecimentos que viriam: em 2 de outubro, o interesse a descoberto no MSCI Israel Exchange Traded Fund aumentou repentina e significativamente. E pouco antes do ataque, as vendas a descoberto de títulos israelitas na Bolsa de Valores de Tel Aviv aumentaram dramaticamente.”

    Acrescentam: “Embora muitos que investigam como o ataque do Hamas foi financiado tenham se concentrado em criptomoeda, até onde sabemos, pouca atenção foi dada à negociação nos mercados de valores mobiliários antes de 7 de outubro – uma omissão importante dados os tamanhos relativos [do mercado] de criptomoeda e mercados de valores mobiliários.”

    O estudo de Jackson Jr. e Mitts (“Trading on Terror?”) tem 67 páginas e está disponível na rede

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    O governo de Israel anunciou investigação. A caçada a quem lucrou milhões com o ataque do Hamas envolve, também, governos dos EUA e da Europa. Todos querem entender quem, como e por que foi possível antecipar o atentado terrorista nos mercados financeiros. E, claro, qual foi a dimensão do lucro.

    Mapear as fontes de financiamento e o circuito de suprimento do caixa de grupos terroristas é preocupação constante no sistema financeiro global desde os ataques da Al Qaeda em Nova York e Washington, em 2001.

    É o tema da semana na agenda do Banco Central, em Brasília. Na segunda-feira, promoveu-se um balanço do sistema nacional de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, cuja legislação completou 25 anos.

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    Nesta quinta-feira (7/12) está previsto debate com representantes das principais instituições financeiras sobre o futuro da economia digital e o papel do órgão regulador do sistema.

    Um dos tópicos é o potencial de novas tecnologias na rastreabilidade de transações que o sistema financeiro reporta como suspeitas. Foram cinco milhões no ano passado, informa o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Banco Central.

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