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José Casado

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Informação e análise
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Prioridade dos partidos não é Bolsonaro, mas a bancada

Ele quer controlar o caixa, escolher candidatos e definir alianças. Muitos recusam, porque o tamanho da bancada é decisivo à sobrevivência de cada partido

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 jul 2021, 09h00
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  • Com rejeição em dobro (60%) da preferência (30%) nas pesquisas eleitorais, Jair Bolsonaro enfrenta as agruras de um presidente com dificuldade em encontrar um partido para se candidatar à reeleição.

    Negociou com vários nos últimos 30 meses, não conseguiu. Selado o fracasso com o Patriota, agora tenta o Democrata Cristão, controlado pelos herdeiros de José Maria Eymael, ex-deputado federal e candidato presidencial derrotado em 1998.

    O problema de Bolsonaro com os partidos é só um: ele quer controlar o caixa de campanha, escolher candidatos e definir alianças regionais. Deseja controle absoluto.

    O problema dos partidos com Bolsonaro, também, é um só: a prioridade em 2022 é eleger bancadas no Congresso e nas assembleias estaduais.

    Eleger presidente e dominar o governo federal é sonho partidário, mas todos consideram mais urgente garantir a própria sobrevivência, e o tamanho das bancadas é decisivo ao futuro de cada um — para acesso a fundos públicos, tempo de propaganda no rádio e na tevê, e, principalmente, ter número de legisladores suficiente para cumprir exigências de uma legislação focada na redução do número de partidos (há 35 registrados e outros 78 na fila da Justiça Eleitoral).

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    Para Bolsonaro ainda existem alternativas. Estão cada vez mais restritas, o que diminui o seu poder de barganha nesse mercado eleitoral.

    O PP do senador Ciro Nogueira, futuro chefe da Casa Civil, e do deputado Arthur Lira, presidente da Câmara, é uma possibilidade. Mas, na prática, ele seria obrigado a uma rendição — o oposto do seu desejo.

    A chance é remota, porque, entre outras coisas, precisaria aceitar caixa, candidatos e alianças regionais já consolidados, como é o caso da Bahia, onde o partido trocou um parceiro no Centrão, o DEM de ACM Neto, pela aliança com o PT de Lula.

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    Enquanto não acerta o rumo partidário, nem se apruma nas pesquisas eleitorais, Bolsonaro acena com sua arma política predileta, o tumulto.

    Usou o voto impresso enquanto foi possível. Diante da certeza da rejeição no Congresso, jogou a toalha e ameaçou o próprio processo eleitoral.

    Refutado, passou a acenar com a possibilidade de não se candidatar. Repetiu no fim de semana: “O cara [eleitor] não gostar de mim, tudo bem, mas ser apaixonado pelo Lula? Desvios, roubalheira em tudo quanto é lugar… É um milagre eu estar aqui [na presidência]. Dois, a vida e a eleição. E um terceiro, permanecer na cadeira. O que muita gente quer é o poder, a volta da impunidade e da corrupção. Será que não conseguem enxergar isso? Querem me criticar, critiquem, até gente que se diz de direita, né? Tudo bem, se eu sair fora, você vai ficar com quem em 2022?”

    Deve ser uma novidade de marketing eleitoral: por não encontrar um partido, o candidato briga com os próprios eleitores.

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