O quadro de inscrições no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma fotografia do avassalador processo de empobrecimento.
Apenas 3,1 milhões de estudantes participaram, menor número dos últimos 16 anos. E somente 11,7% eram negros, queda recorde em 12 anos.
Fica pior: o número de inscritos com isenção da taxa (R$ 85,00) por declaração de pobreza caiu 77% em relação ao ano passado.
Foram 1,4 milhão de estudantes isentos — 45% do total. Houve tempo em que de cada 100 inscritos 90 eram reconhecidos como pobres e, por isso, dispensados do pagamento de taxas.
Numa conta básica, uma despesa de R$ 85,00 equivale, hoje, a 85% do volume de dinheiro necessário para compra de um botijão de gás. A conta aumenta com o custo do transporte até o local da prova do Enem. É decisivo no orçamento de famílias pobres numa época de desemprego recorde, principalmente entre jovens negros, e com inflação crescente.