Lula tenta desidratar adversários. Argumenta que somente a sua vitória no primeiro turno eleitoral, em outubro, faria desvanecer o golpismo de Jair Bolsonaro.
Foi o que disse a aliados, ontem, em Brasília. Faz parte do jogo a ofensiva sobre redutos eleitorais alheios.
No caso, os alvos do candidato do PT são os eleitores de Ciro Gomes, do PDT, de Simone Tebet, do MDB, e de André Janones, do Avante. É previsível a reação desse trio de adversários de Lula que, na média das pesquisas, soma 15 pontos percentuais.
Em política, tudo é possível, mas também é difícil imaginar, entre outras coisas, uma renúncia de Ciro Gomes para favorecer Lula.
Também não há indícios de que Bolsonaro, no momento, disponha de condições objetivas para ir além da retórica golpista que sustenta há três anos.
É certo, porém, que o candidato à reeleição acorda hoje relativamente fortalecido, com o caixa do governo inflado em R$ 41,5 bilhões para distribuição, sob a forma de subsídios, a eleitores de todos os estratos.
Isso inclui empresários, produtores de etanol, agraciados com auxílio de R$ 3,8 bilhões na emenda constitucional que será promulgada nas próximas horas.
É notável, porém, que esse pacote econômico capaz de potencializar o desempenho eleitoral do mais destacado adversário de Lula nas pesquisas tenha sido aprovado no Senado e na Câmara com maioria de votos da bancada oposicionista, sob liderança do PT de Lula.
Como dizia Tom Jobim, o Brasil não é para amadores.