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Lava Jato do Peru leva Humala, PT, Odebrecht e OAS a julgamento

O protagonismo da Odebrecht e OAS no enredo da corrupção política peruana, durante o governo Lula, tende a se refletir na campanha eleitoral brasileira

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 fev 2022, 13h23 - Publicado em 23 fev 2022, 08h00
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  • A Lava Jato avança… no Peru. Começou ontem, em Lima, o julgamento do ex-presidente Ollanta Humala, sua mulher Nadine Heredia e do Partido Nacionalista, pelo qual se elegeu presidente em 2011.

    São acusados de corrupção e lavagem de dinheiro no financiamento da campanha presidencial.

    O Ministério Público pediu 20 anos de prisão para Humala e 26 anos e cinco meses para a ex-primeira-dama. O Partido Nacionalista Peruano foi extinto durante as investigações, mas discute-se em juízo se ainda pode ou não ser penalizado.

    Ontem, Humala assistiu no tribunal à apresentação do procurador Gérman Juárez, que gastou uma hora no resumo das acusações sobre o manejo ilegal de recursos, entre eles US$ 4,6 milhões repassados por empreiteiras brasileiras.

    Esse dinheiro, descreveu Juárez, saiu de “um fundo pecuniário corrupto sustentado por funcionários públicos da República Federativa do Brasil, pertencentes ao Partido dos Trabalhadores, canalizado pelo Departamento de Operações Estruturadas do grupo Odebrecht”.

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    De forma similar, a OAS também participou do financiamento ilegal do candidato Humala, que na época venceu nas urnas a líder da direita peruana Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori.

    A abundância, segundo Juárez, levou a disputas no comitê central da campanha eleitoral e dentro da Odebrecht.

    Um dos publicitários brasileiros vinculados ao PT, Valmir Garreta, recebeu US$ 700 mil em espécie da Odebrecht, contou. Nadine Heredia não gostou e exigiu do executivo local da empreiteira, Jorge Barata, que lhe entregasse diretamente todo dinheiro.

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    Na Odebrecht houve, também, desentendimentos sobre o financiamento da campanha presidencial. Barata não queria dar dinheiro a Humala, disse Juárez, mencionando depoimentos e documentos entregues pelo executivo. Relutou quando Marcelo Odebrecht, presidente do grupo no Brasil, ordenou um aporte de US$ 3 milhões. “Ele se opôs por considerar Humala um candidato ‘antissistema’, mas Marcelo disse-lhe que era um acordo com o Partido dos Trabalhadores” — acrescentou.

    O executivo Marcelo Odebrecht
    Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo Odebrecht — (Heuler Andrey/AFP)

    Um depoimento de Marcelo Odebrecht ao tribunal está previsto para a quarta-feira 16 de março. O julgamento tende a ser longo e complexo. Ontem, por exemplo, o advogado Davi León pediu a exclusão das acusações de lavagem de dinheiro atribuídas ao Partido Nacionalista Peruano.

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    “Foi extinto, e seu registro oficial cancelado, já não existe legalmente”, argumentou. O procurador insistiu na tese de que, mesmo assim, o partido deveria continuar sendo julgado. León retrucou: “Não se pode condenar um movimento político a futuro, está se julgando o partido que existia em 2011”. A juíza Nayko Coronado não aceitou e seguiu com a sessão.

    Humala é o quarto ex-presidente enlaçado pela Lava Jato peruana em negócios obscuros com a Odebrecht e a OAS, entre outras empresas brasileiras. É o primeiro a ser julgado.

    Alejandro Toledo (2001-2006) foi extraditado dos Estados Unidos e está preso. Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) renunciou e enfrenta processos. Alan García (1985-1990 e 2006-2011) se matou em casa, depois de receber o mandado de prisão. Keiko Fujimori, adversária de Humala, chegou a ser presa, mas conseguiu se livrar de parte das acusações, se candidatou à presidência nas eleições do ano passado e perdeu, de novo.

    O protagonismo de empresas como Odebrecht e OAS  no enredo da corrupção política peruana, durante o governo Lula, tende a se refletir na campanha eleitoral brasileira.

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