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Governo teme ofensiva de Maduro contra reféns sob proteção do Brasil

O aumento da repressão, reafirmado na decisão de prender o candidato da oposição, Edmundo González, representa um risco novo para a diplomacia brasileira

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 set 2024, 13h33 - Publicado em 3 set 2024, 15h32
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  • O governo Lula não sabe o que fazer em relação à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela. Todas as apostas em “diálogo” fracassaram.

    O recrudescimento da repressão política, reafirmado na decisão de prender o candidato presidencial da oposição, Edmundo González, representa um risco novo, imprevisto, para a diplomacia brasileira.

    A ofensiva contra González, reconhecido como vencedor da eleição presidencial por três dezenas de países, pressupõe a vulnerabilidade María Corina Machado, principal líder da oposição, e dos demais adversários do regime.

    Seis deles, assessores da campanha presidencial oposicionista, estão asilados na Embaixada da Argentina em Caracas sob proteção do governo Lula.

    Em agosto, Maduro expulsou os diplomatas argentinos depois da eleição em que se autoproclamou vencedor. Policiais e milicianos passaram a rondar o prédio da embaixada. O governo Javier Milei pediu e o Itamaraty aceitou assumir a representação argentina na Venezuela, procedimento padrão na diplomacia.

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    O governo Lula quis retirar os asilados em avião militar. Não conseguiu.

    Até a semana passada, em Brasília considerava-se remota a possibilidade de invasão da sede diplomática argentina. Mudou a perspectiva com o aumento da repressão, confirmado no mandado de prisão contra González e, também, no encarceramento de menores de idade acusados de militância na oposição.

    “Eles têm rastros de pólvora nas mãos e há pessoas falecidas”, argumentou Diosdado Cabello, ministro do Interior. Cabello está sendo processado nos Estados Unidos, acusado de comandar uma facção do cartel de narcotráfico Los Soles, integrado por generais venezuelanos.

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    (./Reprodução)

    Há quatro anos, a agência americana antidrogas (DEA) estabeleceu uma recompensa de 10 milhões de dólares por sua captura.

    Maduro, também acusado nesse processo de narcotráfico,  está com a cabeça a prêmio por uma quantia um pouco maior: 15 milhões de dólares.

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    (./Reprodução)

    O aumento da repressão política indica a dificuldade doméstica da cleptocracia chefiada por Maduro em se legitimar e continuar no poder depois de uma evidente derrota na eleição presidencial e sob pressão de manifestações nas ruas, organizadas pela oposição.

    Maduro perdeu a bússola da realidade, acham diplomatas de Brasília, que passaram a considerar realista a hipótese de ofensiva contra os adversários asilados na embaixada sob proteção brasileira.

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    O mandado de prisão contra González, entendem, representa nova tentativa de forçar os Estados Unidos a aceitarem alguma negociação sobre a continuidade do regime. Mas esse, aparentemente, é um cenário considerado inviável tanto pela proximidade das eleições americanas quanto pela reação do vencedor — a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump têm sinalizado políticas duras para com o regime ditatorial venezuelano.

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    Merrick B. Garland, procurador-geral de Justiça dos Estados Unidos (./Reprodução)

    Com Joe Biden a situação é similar. Nesta segunda-feira (2/9), a pedido do Departamento de Justiça dos EUA, juízes da República Dominicana mandaram confiscar um avião (modelo Dassault Falcon 900EX) de propriedade do ditador Maduro e família que estava no país. O jato foi “comprado ilegalmente por 13 milhões de dólares através de uma empresa fantasma” para ser usado por Maduro, segundo o procurador-geral americano Merrick B. Garland.

    Para o governo brasileiro sobraram o silêncio de Maduro e a visível mobilização de seus aliados, como o ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, que na semana passada rotulou Lula como “representante” dos interesses dos Estados Unidos na América Latina.

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