Fachin e Barroso alertam sobre interferência da Rússia nas eleições
São crescentes os ataques organizados de milícias digitais contra sistemas da Justiça Eleitoral. A Rússia se destaca na classificação por origem
Acabou o papel. Desde ontem, o Tribunal Superior Eleitoral não aceita documentos físicos — exceto habeas corpus, quando apresentado diretamente pelos interessados, sem mediação de advogados.
De um lado, a transição para o universo digital significa a modernidade da Justiça Eleitoral, que completa 90 anos na próxima quinta-feira.
De outro, marca o ingresso definitivo do Brasil no cenário mundial de guerra digital, onde o mais relevante é tumultuar o processo eleitoral.
Esse tem sido o aspecto comum das interferências externas — indevidas — constatadas em eleições nos Estados Unidos, Reino Unido, França, Holanda, Itália e, também, na Hungria, onde Jair Bolsonaro fez escala ontem, retornando da Rússia.
Em Budapeste, Bolsonaro visitou seu “irmão” Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro, ícone da extrema-direita europeia.
Como Bolsonaro, Orbán enfrenta dificuldades para se reeleger, em abril. Tem usado todo o arsenal digital disponível contra a oposição, em geral com o auxílio de equipes binacionais de hackers, em ações protagonizadas pelo especialista do governo Dániel Deák.
Tentativas de interferências indevidas nas eleições brasileiras já fazem parte da paisagem. São crescentes os ataques organizados por milícias digitais nacionais e estrangeiras. A Rússia se destaca na classificação por origem, informa-se na Justiça Eleitoral.
O histórico de ofensivas contra sistemas do TSE por inciativa de grupos abrigados em território russo deixou o juiz Luiz Edson Fachin convencido de que “há uma guerra declarada”, assim como Luis Roberto Barroso a quem vai substituir na presidência do TSE na terça-feira.
Eles lembram que tumulto do processo eleitoral é veículo para a ruína da democracia.
Têm razão. Só não vê quem prefere esperar as chamas para ter certeza do incêndio.