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Bolsonaro evita a crise econômica, mas eleitores culpam governo

Candidato foge de temas vitais para os eleitores, como o aumento do custo de vida. Até agora, não se sabe o que planeja para resgatar o país da crise

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 abr 2022, 19h31 - Publicado em 28 abr 2022, 08h00

O gás de cozinha virou produto de luxo em cidades do Acre: o botijão de 13 quilos custa R$ 150 e já representa 16% da renda média das famílias do Estado.

Os residentes no Acre empobreceram nos últimos dois anos, como os demais brasileiros. A renda individual diminuiu no ano passado. Ficou em R$ 888, uma queda de 3,1% em relação aos R$ 917 na média de 2020, informa o IBGE.

É um dos 14 estados onde a remuneração média dos indivíduos que vivem numa mesma casa não alcança o valor do salário mínimo nacional (R$ 1.212). No Acre, ganha-se um terço menos.

A cinco meses da eleição presidencial, o país está mais pobre e mais desigual do que no outono da temporada eleitoral de 2018.

Retrato do empobrecimento está no Pix, o sistema de pagamentos em tempo real construído pelo governo que já é usado por 115 milhões de pessoas e abrange oito de cada dez transações financeiras diárias. O valor médio do Pix caiu cerca de 10% nos últimos seis meses, para R$ 471, segundo o Banco Central.

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É ruim o cenário traçado pelo eleitorado em pesquisas como a do Instituto FSB para o banco BTG, feita entre sexta-feira e domingo passado.

Nela, seis em cada dez dizem acreditar que a vida vai ficar ainda mais cara. Quatro deles se preocupam com a incapacidade de sustentar o atual padrão de vida. Preveem aumento no endividamento pessoal e atrasos no pagamento de contas.

O país vive uma crise, e são evidentes as dificuldades para superá-la, julga a ampla maioria (62%). E quatro em cada dez culpam diretamente o governo Jair Bolsonaro pelas aflições no bolso.

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O candidato à reeleição, porém, mantém a crise fora da sua agenda pública. Finge que não é com ele e passa o tempo tentando mudar de assunto. Ontem, por exemplo, gastou o dia entretido em novos capítulos da guerra particular com o Judiciário — meses atrás esgrimia contra o espectro do comunismo, sepultado há mais de três décadas.

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(./VEJA)

Ele recebeu representantes da Meta, empresa americana, para pressioná-los a mudar a tecnologia do aplicativo WhatsApp antes das eleições. Fracassou, obviamente. Depois, recebeu um representante da agência estatal responsável pela vigilância do mercado de informações digitais.

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Na sequência, fez um comício dentro do Palácio do Planalto, transmitido pelo canal público TV Brasil como “ato cívico”. Em discurso, mais uma vez, ofendeu integrantes do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. Levantou a hipótese de suspensão das eleições em raciocínio tortuoso sobre a possibilidade de algo “anormal” acontecer, e sugeriu um novo papel para as Forças Armadas, na contabilidade paralela das urnas.

Bolsonaro é um candidato em fuga de temas relevantes para os eleitores, como os efeitos do aumento do custo de vida, da inflação da energia e dos alimentos que consomem mais de 60% do orçamento das famílias mais pobres.

Em 2018 prometeu botijão de gás de cozinha a R$ 35. Está 328% mais caro. Até agora, não se sabe o que ele pensa ou pretende fazer para “indultar” os empobrecidos pela grave crise econômica, na qual suas digitais são reconhecidas.

O problema de Bolsonaro é que eleitor costuma votar com o bolso — na saúde ou na pandemia, na calmaria ou na tempestade inflacionária.

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