Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto estão diante de um novo problema judicial: Carla Zambelli Salgado de Oliveira, 43 anos, deputada federal paulista pelo Partido Liberal.
Ela usou dinheiro público, extraído do caixa do PL e destinado à campanha de um grupo de doze candidatos do partido, para custear um assessor na invasão do sistema de computação do Conselho Nacional de Justiça — acusa a Procuradoria-Geral da República.
O objetivo: falsificar pedidos de prisão e de bloqueio de bens do juiz Alexandre de Moraes, que no STF conduz inquéritos em que se destacam, entre os investigados, Bolsonaro e Costa Neto, além da própria Zambelli e o Partido Liberal.
A procuradoria-geral denunciou a deputada ao Supremo, nesta terça-feira. Nas 45 páginas de acusação, lista relatórios de perícia, testemunhos e a confissão do assessor contratado para invasão do sistema do CNJ, Walter Delgatti — personagem na operação de clonagem de mensagens de procuradores e juízes da Lava Jato.
Pela descrição do caso, a deputada usou recursos do PL de forma dissimulada — “por interpostas pessoas” — para financiar o assessor na invasão do CNJ e na falsificação de mandados judiciais contra o juiz Moraes. Entre eles a expedição de ordem para bloqueio de bens no valor da multa (21 milhões de reais) aplicada ao Partido Liberal por contestar, sem provas, o resultado da eleição presidencial de 2022.
Zambelli é acusada, também, em outros inquéritos criminais. Um deles por perseguir de arma em punho um homem nas ruas do Jardim Paulista, em São Paulo, na véspera da votação. Muitos no partido acham que ela contribuiu para a derrota eleitoral de Bolsonaro.
A denúncia contra a deputada e o assessor foi anexada a um inquérito cujo relator é o juiz Moraes, que, paradoxalmente, é a principal vítima. Em tese, o caso deverá ser transferido a outro juiz.