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Bolsonaro trata Defesa como anexo de comitê eleitoral

Ministério fez "questionamentos" sobre "fragilidades" do voto eletrônico: "Se não estivermos errados, pode ter certeza que algo tem que ser mudado"

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 jan 2022, 14h29

O Ministério da Defesa passou a ser tratado por Jair Bolsonaro como uma espécie de anexo do comitê de reeleição.

Essa foi a mensagem o presidente-candidato transmitiu, ontem, ao anunciar que o ministro Walter Braga Netto “fez alguns questionamentos” ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luis Roberto Barroso, “sobre fragilidades da urna eletrônica”.

Desde 2018, Bolsonaro divulga suspeitas sobre a lisura do sistema de voto eletrônico, sem apresentar uma única prova. E ele  se elegeu sucessivamente nas últimas três décadas pelas urnas eletrônicas, sem reclamações.

A partir do momento em que foi superado por Lula nas pesquisas de intenção de voto, em meados do ano passado, transformou a urna eletrônica em alvo, sempre acenando com a possibilidade de não aceitar outro resultado na disputa presidencial que não seja sua reeleição.

Nessa ofensiva de campanha contou com o auxílio de Braga Netto. Ele usou o Ministério da Defesa para, em discurso, legitimar as suspeitas — sem provas — do candidato. Entre outras, mobilizou o comando da Marinha para um insólito desfile de carros de combate na Esplanada dos Ministérios no dia em que o Congresso rejeitou o projeto bolsonarista de retrocesso ao voto impresso.

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“Não tenho preocupação com o TSE”, disse Bolsonaro à saída do hospital paulistano onde se submetera a uma desobstrução intestinal. “As Forças Armadas foram convidadas pelo ministro Barroso a participar das eleições” — nada inédito porque sempre participaram. “Aceitamos, vamos participar de todo o processo”, comentou, como se Exército, Marinha e Aeronáutica fossem  seções governamentais e não organismos de Estado.

Prosseguiu: “A Defesa agora fez alguns questionamentos ao ministro Barroso, do TSE, sobre fragilidades da urna eletrônica. Estamos aguardando a resposta. Pode ser que ele nos convença. Mas se nós não estivermos errados, pode ter certeza que algo tem que ser mudado no TSE. […] O Brasil merece eleições limpas e transparentes.”

Não se sabe o que e como o candidato pretende “mudar” na Justiça Eleitoral, caso o ministro da Defesa apresente uma “resposta” que não seja adequada à sua tática de campanha.

Da mesma forma, não se conhece o método e os resultados da investigação que o governo diz ter realizado sobre a recente invasão das redes eletrônicas da administração federal. A Defesa silenciou sobre essa grave violação da segurança nacional.

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