Jair Bolsonaro se meteu numa encrenca com a elite do funcionalismo público que avança, de maneira coordenada, no movimento grevista iniciado em dezembro pela Receita Federal.
Cresceu a pressão por aumentos salariais em todas as áreas do serviço público federal. No Banco Central e na Previdência Social paralisações estão previstas para esta semana. No BC anuncia-se interrupção nos serviços de pagamento por Pix a partir de amanhã.
Michel Temer foi o último presidente que enfrentou movimento similar nos efeitos negativos para a população. Ficou restrito a um segmento do setor privado, com caminhoneiros autônomos apoiados por empresas transportadoras, donas de 80% do movimento de carga rodoviária.
No setor público, desta vez, foi o próprio Bolsonaro que acendeu o pavio, com a insistência dar aumento de salários como prêmio a policiais, segmento do eleitorado que o ajudou a se eleger em 2018.
Decidir dar aumento a todos é problema. Não há dinheiro suficiente, são estreitos os limites da legislação eleitoral e não tem lógica para a sociedade que sustenta elevada carga tributária numa conjuntura de crise, perda de renda e inflação crescente.
Adiar a decisão também não resolve, indica a mobilização das categorias da elite profissional do serviço público.
Bolsonaro se meteu numa encrenca de alto custo político.