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José Casado

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Informação e análise

Bolsonaro confrontou Anitta e se deu mal com a eleitora Larissa

Ele tentou um truque de marketing. Ela retrucou como mulher assediada em Honório Gurgel: "Ai, garoto, vai catar o que fazer, vai." E bloqueou o presidente

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 abr 2022, 10h41 - Publicado em 17 abr 2022, 08h00

Larissa de Macedo Machado, 29 anos. Foi com essa eleitora que Jair Bolsonaro trombou de frente ontem — e se deu mal.

Depois de um dia de trabalho na Califórnia, Estados Unidos, a bordo de roupas azul, verde e amarelo, ela comentou a opção pelas peças numa rede social: “A bandeira do Brasil e as cores da bandeira do Brasil pertencem aos BRASILEIROS. Representam o BRASIL em GERAL. NINGUÉM pode se apropriar do significado das cores da bandeira do nosso país. Fim.”

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(./Reprodução)

Bolsonaro, provavelmente, nunca prestou atenção em Larissa, carioca zona norte de Honório Gurgel “forever”. Mas o candidato à reeleição sabe quem é Anitta, cantora, compositora, atriz, dançarina, empresária e ativista, não necessariamente nessa ordem.

Ela é referência de uma geração de brasileiros, na maioria frustrados pelos sucessivos fracassos de reconstrução do país na era do Real. Nos últimos seis anos, por exemplo, o desemprego tem sido recorde (acima de 20%) para quem tem entre 18 e 24 anos. Metade desse período se passou sob a tumultuada administração Bolsonaro.

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Na tática de marketing bolsonarista é sempre útil enlaçar ícones como Anitta num embate público e direto. Feito o desafio, não importa o calibre da resposta. Vale mais a alavancagem da candidatura nas redes sociais do alvo — no caso, com dezenas de milhões de fãs ou seguidores.

Ontem, ele tentou esse truque. Quando soube da explicação da cantora sobre a roupa com as cores da bandeira usada num show celebrado pela imprensa americana, no festival anual de Coachella, autorizou sua equipe a disparar no Twitter uma mensagem ambígua e, essencialmente, irônica: “Concordo com Anita [grafou sem o segundo ‘t’ do nome artístico de Larissa]”. Ao incluiu várias imagens da bandeira do Brasil.

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(./Reprodução)
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Ela percebeu, e retrucou como a mulher que se sente assediada no meio da rua de Honório Gurgel “forever”. Deu uma invertida no presidente: “Ai, garoto, vai catar o que fazer, vai”.

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(./Reprodução)

Em seguida, bloqueou-lhe o acesso. Justificou: “Meti logo um block pra esses adms [administradores da conta do Twitter] dele não ficarem usando minhas redes sociais pra ganhar buzz [repercussão] na internet”.

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(./Reprodução)

Continuou com explicações à legião de fãs sobre a natureza da armadilha eleitoral: “Nesse momento, qualquer manifestação contra ele por meio dos artistas vai ser revertida em forma de deboche pelas mídias sociais dele.” Anunciou a decisão de não mais citar o nome do do candidato à reeleição, recomendando aos seguidores que façam o mesmo.

Três semanas atrás, ela havia confrontado Bolsonaro por causa de um pedido de censura apresentado pelo Partido Liberal, de Valdemar Costa Neto, que abriga o candidato. Ao perceber o risco de o futuro repetir o passado, ela avisou: “Eu vou lutar com todas as minhas armas!”

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Bolsonaro não entendeu que Anitta também é Larissa, mulher de Honório Gurgel “forever” que canta, orgulhosa, “sim, as ruas me criaram, sou favela (demais).”

Ela nasceu no ambiente do Rio de 1993 marcado pela matança de oito crianças e adolescentes ao lado da Igreja da Candelária, seguida pela chacina de outras 21 pessoas em Vigário Geral. Na época, o deputado Bolsonaro defendeu o massacre policial dos “vagabundos”, como definiu as vítimas.

Bolsonaro se meteu numa confusão sem glória com Anitta. A eleitora Larissa enlaçou o candidato e o deixou prisioneiro na própria armadilha.

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