O novo problema do governo Jair Bolsonaro se chama Annalena Charlotte Alma Baerbock, tem 40 anos, é filha de um engenheiro mecânico e de uma assistente social, evangélica, tem formação em direito internacional público, com foco em meio ambiente, e é líder do Partido Verde.
Ela vai assumir na próxima semana o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, no recém-formado governo de Olaf Scholz, que encerra um ciclo de 16 anos de hegemonia conservadora, sob liderança de Angela Merkel. Scholz lidera o partido social-democrata (SPD), cuja fundação há décadas mantém laços com o Partido dos Trabalhadores (PT).
Annalena Baerbock é co-presidente do Partido Verde, que emergiu das urnas em setembro como terceira força política do país, com 14,8% dos votos. Sua indicação para a chancelaria da maior economia da União Europeia é consequência direta da cobrança dos alemães à prioridade das questões ambientais na agenda governamental.
Dias atrás, na conferência da ONU em Glasgow, Escócia, ela propôs diretrizes para uma política ambiental mundial, com responsabilização direta de governos como os da Alemanha, França, China, Reino Unido, Estados Unidos, China, Índia e Brasil.
Defendeu um aumento coordenado da pressão sobre o Brasil, por causa do desmatamento na Amazônia, mesmo com consequências nas relações econômicas — a Alemanha é um dos maiores investidores na indústria brasileira e um dos dez principais compradores de commodities.
Bolsonaro deve atravessar o ano eleitoral de 2022 sob intensa pressão de dois dos principais governos europeus. Um é o de Emmanuel Macron, que tenta se reeleger na França. Outro é o de Olaf Scholz na Alemanha, onde a futura chanceler Annalena Baerbock vai comandar uma dura política de meio ambiente certificada nas urnas com o selo de “prioridade nacional”.