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Jorge Pontes

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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.

Better call Fred: resolvendo as broncas dos Bolsonaros

Wassef volta às manchetes com sua participação em um suposto encontro com o Procurador Geral da República Augusto Aras

Por Jorge Pontes
25 ago 2020, 16h17 • Atualizado em 25 ago 2020, 20h52
  • Produzido entre 2008 e 2013, o premiadíssimo seriado da TV americana Breaking Bad, uma vertiginosa trama de ação, suspense e humor negro que envolve crime organizado, violência e lavagem de dinheiro, traz uma passagem interessantíssima para o momento em que estamos vivendo na política brasileira.

    Há uma cena, hoje já antológica, em que os dois personagens principais da série, que se dedicam a atividades criminosas extremamente lucrativas, encontrando-se em apuros com a polícia, discutem o perfil do advogado que deverão contratar para defendê-los.

    O personagem coadjuvante, Jesse Pinkman, vira-se para o protagonista Walter White e afirma categoricamente: “A situação não recomenda contratarmos um advogado criminalista, mas um advogado criminoso”.

    É aí que entra em cena o heterodoxo advogado Saul Goodman, que soluciona os apuros dos clientes, sempre com o cometimento de outros malfeitos, enredando-se em um espiral infinito de encrencas.

    De volta à realidade da cena política brasileira, temos assistido – nos noticiários – registros intrigantes da atuação de Frederick Wassef, que se apresenta como advogado do presidente Bolsonaro.

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    Wassef surgiu nas manchetes nacionais em junho do corrente ano, por ocasião da prisão de Fábricio Queiroz, fugitivo da Justiça do Rio de Janeiro, que se encontrava escondido em seu escritório de advocacia, em Atibaia, no interior de São Paulo.

    O caso em tela teria relação com a atuação de Queiroz na possível prática de rachadinhas e lavagem de dinheiro, ocorridas no gabinete do senador Flavio Bolsonaro, quando de seu mandato na ALERJ. O imbróglio ainda contaria com o ingrediente constrangedor do envolvimento de milicianos com a família Bolsonaro.

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    Perguntado sobre a presença de um fugitivo homiziado em seu local de trabalho, Wassef se enrolou, apresentando versões diferentes e conflitantes que até hoje não foram totalmente esclarecidas.

    Há, ainda, o incômodo registro de diversas visitas de Wassef ao Alvorada, todas fora da agenda, onde avistou-se com o presidente da República.

    Agora, Wassef volta às manchetes com sua participação em um suposto encontro com o Procurador Geral da República Augusto Aras, que teria sido agendado, no fim de 2019, pelo próprio presidente Bolsonaro. O tema da agenda seria o acordo de delação premiada da empresa JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Na esteira dessa nova situação, surge o fato de Wassef, advogado do presidente, ter recebido da JBS – de 2015 até hoje – a bagatela de 9 milhões de Reais. Para piorar, não haveria registro da existência de procuração em nome de Wassef, para que este funcionasse processualmente como advogado da JBS.

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    O artigo 133 da nossa Constituição Federal estabelece que “o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.

    Importante ressaltar que as proteções e blindagens conferidas pela Lei Maior aos advogados existem para que esses atuem com retidão e destemor em defesa técnica dos seus clientes, seja lá quais forem os crimes por eles cometidos.

    Contudo, uma coisa é patrocinar a defesa, outra bem diferente é quando o advogado atua, participa de atos, que tangenciam perigosamente a cumplicidade com as condutas delituosas de seus próprios clientes.

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    E não estamos aqui falando da figura popular e conhecida dos advogados de “porta de xadrez”, mas de defensores que, com suas atuações temerárias, podem acabar – ou ao menos merecerão – dividir o interior do próprio xadrez com seus clientes.

    Enquanto existirem tantas perguntas sem respostas, em relação às condutas de algumas altas autoridades da República, o contribuinte – que banca essa festança toda, seguirá cada vez mais descrente e decepcionado com sua elite política.

    Enfim, o que a sociedade brasileira deseja e precisa nesse momento, é ver o presidente da República em rede nacional de televisão, olhando reto na lente da câmera, e explicando, tintim por tintim, e sem gaguejar, às circunstâncias de sua ligação com Frederick Wassef, e porque sua mulher, Michelle Bolsonaro, recebeu em sua conta bancária o depósito de 89 mil Reais em cheques, do ex-PM Fabricio Queiroz, que é processado por lavagem de dinheiro.

    Simples assim.

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