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Isabela Boscov

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“Perdidos no Espaço” reimagina, com charme, um velho seriado

Versão do programa cult dos anos 60 lançada pela Netflix é bacana no visual e esperta nas atualizações

Por Isabela Boscov Atualizado em 20 abr 2018, 15h13 - Publicado em 20 abr 2018, 11h00

Quatro desejos da minha infância: ter um carro voador como o de Os Jetsons, morar numa garrafa bacana como a de Jeannie É um Gênio, fazer qualquer coisa acontecer com uma franzidinha no nariz, como em A Feiticeira, e ter um Robô só meu, cheio de luzinhas, como o de Will Robinson em Perdidos no Espaço – um desejo meu e de toda a garotada que assistia ao seriado dos alegrinhos náufragos siderais que semanalmente enfrentavam não só um novo perigo exótico, como também mais alguma patifaria do pernóstico, petulante e pusilânime Dr. Zachary Smith – o sabotador que levara a nave da família Robinson a se perder a caminho de uma colônia espacial. É evidente que também Matt Sazama e Burk Sharpless, os produtores da nova versão de Perdidos no Espaço que acabou de estrear na Netflix, também queriam ser como Will e ter um Robô. Sei disso porque, primeiro, eles me contaram. E, mesmo que não tivessem contado, está claro desde o primeiro dos dez episódios desta temporada inaugural que a amizade entre Will e o Robô é um dos pivôs desta refeitura. Graças à pegada muito certeira da dupla de produtores, reparei agora em algo em que nunca havia pensado antes: que temeridade para o casal Robinson e para as irmãs de Will terem que confiar sua vida às decisões de um garoto de 11 anos acerca de uma máquina estranha, misteriosa e obviamente perigosa.

Perdidos no Espaço
(Netflix/Divulgação)

Bacana no visual, esperta nas atualizações (ninguém hoje acredita em família perfeita, e os Robinson levam seus problemas junto com eles da Terra para o espaço) e sensata nas escolhas (nada de tecnologias impossíveis, e muito de engenhosidade, é o que garante a sobrevivência dos Robinson), esta nova versão é surpreendente também ao inverter gêneros e expectativas com a escalação da atriz Parker Posey para encarnar a agora Dra. Smith – que de doutora na verdade não tem nada, e é manipuladora, dúbia e um bocado assustadora. Perdidos no Espaço, assim, consegue três coisas muito difíceis: funciona se você tiver 10 anos de idade ou várias vezes isso; atualiza de cima até embaixo o seriado dos anos 60 sem estragar nadinha das lembranças de quem o conhece; e cativa quem nunca ouviu falar dele nem da história original, o clássico infantojuvenil A Família Robinson. Uma das ambições dos produtores Sazama e Sharpless, aliás, é que a reedição deles encoraje o público a dar uma espiada no velho seriado. Eu, de minha parte, confiaria à dupla todas as outras obras-primas B do produtor Irwin Allen, começando por Terra de Gigantes e prosseguindo com Túnel do Tempo e Viagem ao Fundo do Mar  – mas só se eles prometessem que o submarino Seaview (a gente achava que ele se chamava “Civil”) continuaria a fazer aquele barulho de sonar e a balançar de um lado para o outro sempre que o monstro da semana aparecesse.

Em tempo: que delícia terem mantido o tema original da abertura, composto pelo mesmo John Williams que depois assinaria a trilha de Tubarão, Star Wars, Indiana Jones etc.

Leia a seguir a resenha completa:

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Náufragos no Planeta Família

Em nova versão produzida pela Netflix, Perdidos no Espaço, produção dos anos 60, ganha um banho de loja e dá uma guinada rumo ao sinistro e ao conflituoso

O Robô agitava seus braços de tubo de aspirador de pó e avisava, em timbre metálico: “Perigo! Perigo!” – ao que o pusilânime e afetado Dr. Smith, interpretado com gosto pelo ator Jonathan Harris (e, no Brasil, magnificamente dublado por Borges de Barros), se irritava e tartamudeava contra aquela “lata de sardinha enferrujada”. Com três temporadas lançadas entre 1965 e 1968 nos Estados Unidos e exibidas mundo afora por anos a fio, Perdidos no Espaço deixou lembranças fundas na geração que foi entretida, em casa, por uma oferta maciça de seriados de ficção científica de segunda linha mas diversão de primeira – boa parte deles com a assinatura de um Midas do período, o produtor Irwin Allen, que criou também Túnel do Tempo, Viagem ao Fundo do Mar e Terra de Gigantes (além de filmes como Inferno na Torre e O Destino do Poseidon). Para Perdidos no Espaço, Allen tomou uma ideia simples e brilhante: transferir para os confins da galáxia as aventuras dos mais alegres náufragos da literatura – a família Robinson, do clássico publicado em 1812 pelo suíço Johann David Wyss. Extraviados a caminho de uma colônia sideral, o casal, suas duas filhas e o caçula Will Robinson, mais o Robô, enfrentavam novos e absurdos perigos a cada semana, terminando cada episódio ainda mais unidos e otimistas. Um clássico B. Ou seja, é inimitável, mas seu visual tosco e baratinho em nada seduz o público atual. Daí ser compreensível, e mesmo oportuna, a refeitura disponível na Netflix (que a produz) a partir da sexta-feira 13.

Perdidos no Espaço
(Netflix/Divulgação)
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Na nova versão, Perdidos no Espaço ganhou um banho de loja: tem locações (digitais) impressionantes, tecnologia convincente e enredo um tantinho menos estapafúrdio. O número de personagens é bem maior (uma colônia de uma família só trazia implicações que escapavam às mentes ingênuas dos anos 60, mas hoje seriam óbvias). O elenco também subiu um degrau ou dois, e o Dr. Smith virou Dra. Smith – a ex-musa do cinema independente Parker Posey, em uma atuação eficaz e por vezes realmente enervante. A alteração mais substantiva, porém, está no tom conflituoso e quase sinistro, que corteja o público que se rendeu a Stranger Things. O casal Robinson (Molly Parker e Toby Stephens) está à beira do divórcio; as duas irmãs mal se aguentam – a mais velha, Judy (Taylor Russell), é intensa e espinhosa como a mãe –; e o adorável e inseguro Will (Maxwell Jenkins) se apega sobremaneira ao Robô, uma máquina assustadora e enigmática cuja presença está ligada ao naufrágio dos colonizadores e constitui o mistério central da primeira temporada. Lançados em costas distantes, os Robinson se mostram bem mais apreensivos que em suas encarnações anteriores: nada como alguns anos-luz de viagem para constatar que não existe planeta mais estranho que a família.

Isabela Boscov
Publicado originalmente na revista Veja em 11/04/2018
Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
© Abril Comunicações S.A., 2018

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