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Por Coluna
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Caça-Fantasmas

Elenco feminino, elenco masculino – quem liga? O que importa, aqui, é que faltam química e inspiração

Por Isabela Boscov Atualizado em 17 jan 2017, 16h04 - Publicado em 15 jul 2016, 19h37

O trailer era ruim mesmo. Mas trailer ruim é o que não falta no mundo; se o de Caça-Fantasmas criou uma onda de ódio nas redes sociais, é por dois motivos – porque ele anunciou o estrago de um filme do qual muita gente guarda lembranças queridas, e porque parte do público (uma parte muito desorientada, diga-se) atribuiu esse estrago ao fato de o elenco do original (Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Ernie Hudson) ter sido substituído por um elenco feminino.

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Mas engana-se quem localiza aí, nessa mudança, os equívocos desta refilmagem. O novo Caça-Fantasmas arruina a memória afetiva deixada pelo Os Caça-Fantasmas de 1984 porque é ruim de concepção, de roteiro e de direção: seus problemas começam muito antes da escalação do elenco – que, é verdade, também não funciona. Mas não porque seja composto de mulheres, e sim porque estas quatro mulheres em particular não dão liga entre si. Melissa McCarthy e Kristen Wiig, em especial, não se afinam, e quem estiver à espera de algo parecido com aquela fervura que foi a parceria de Melissa e Rose Byrne em A Espiã que Sabia de Menos vai ficar seriamente desapontado. Se Melissa e Kristen foram melhores amigas um dia, então eu não sei bulhufas sobre ser mulher e ter amigas. Fica pior: a simpaticíssima Leslie Jones é desperdiçada, enquanto a incrivelmente antipática Kate McKinnon tem três vezes o tempo dela em cena. E Chris Hemsworth, que tem muito jeito para a comédia, ganha um personagem – o do recepcionista burrinho das moças – tão mal escrito que justificaria uma acusação de sexismo às avessas.

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Mas, como eu disse, os problemas de Caça-Fantasmas são antes de tudo estruturais. O diretor Paul Feig (de A Espiã e também de Madrinhas de Casamento, em que Melissa e Kristen trabalharam juntas, mas não em dupla) decidiu que não deveria continuar a história deixada por Bill Murray & cia., mas sim contá-la de novo, desde o princípio, com o seu novo elenco. Feig partiu de uma boa intenção, a de homenagear o original do diretor Ivan Reitman. Como tantas outras boas intenções, porém, esta aqui leva a péssimos resultados, porque torna inevitável a comparação ponto por ponto com o filme de 1984 – na qual ela perde em todos os pontos.

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O quarteto do filme original ()

No original, o minimalismo cômico de Bill Murray era o pivô em torno do qual se fazia graça: Nova York estava sendo levada à loucura por aparições ectoplásmicas de exotismo crescente, e Murray continuava fazendo cara de paisagem e dando aqueles seus suspiros fundos, de quem preferia fazer uma cerveja render no balcão do bar a ter de combater demônios furiosos; mas fazer o quê? Já Melissa McCarthy de minimalista não tem nada; quanto mais ela arregala os olhos com as aparições, mais chama a atenção para o fato de que elas não passam de computação gráfica contratada a preço de ocasião.

Só para esclarecer, gosto muito de Melissa McCarthy, e já fiz uma defesa entusiasmada dela aqui no blog. Gosto de Kristen Wiig, gosto de Chris Hemsworth, acho muito bom Neil Casey, o ator que faz o vilão da história – um rapaz rancoroso que quer se vingar em grande estilo do bullying sofrido durante toda a vida. Gosto muito também da colaboração entre Melissa e Paul Feig em A Espiã. Leslie Jones eu não conhecia, mas já estou gostando dela. (De Kate McKinnon, por outro lado, pretendo fugir sempre que a vir pela frente.) A questão não está nos talentos individuais, mas na tração que eles provocam – ou não, neste caso – quando trabalhando em conjunto. E esta colaboração soa tão publicitária e arranjada que não se tira dela nenhum calor.

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Essa, vale lembrar, era a qualidade maior de Os Caça-Fantasmas: assim como Indiana Jones, De Volta para o Futuro, Curtindo a Vida Adoidado e tanto outros sucessos pop dos anos 80, sua pedra de toque era a experiência coletiva em que ele lançava os espectadores; o prazer vinha tanto do que acontecia na tela quanto da vibração da plateia do cinema. Essa é uma reação que Caça-Fantasmas não tem nem chance de causar – nem sequer com as participações especiais, todas mais ou menos desinspiradas, de Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Annie Potts e outros atores do original.

Para ser justa, o filme tem três coisas que valem a pena: a sequência inicial, com o ótimo Zach Woods (o Jared de Silicon Valley) como guia de uma mansão mal-assombrada; as cenas de Andy Garcia e Cecily Strong como o prefeito e a sua assessora; e e a brevíssima ponta de Sigourney Weaver no finalzinho. Sigourney, que iluminava os olhos de Bill Murray e o filme de 1984 com sua presença ao mesmo tempo inteligente e estatuesca, faz mais em 30 segundos em cena do que todo o restante do elenco – somado – em duas horas.


Trailer

CAÇA-FANTASMAS
(Ghostbusters)
Estados Unidos, 2016
Direção: Paul Feig
Com Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon, Leslie Jones, Chris Hemsworth, Neil Casey, Andy Garcia, Cecily Strong, Zach Woods, Ed Begley Jr., Charles Dance
Distribuição: Sony Pictures
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