Entre panelas e afetos: a devoção da Coreia do Sul à própria comida
K-food ganha mostra e livro em São Paulo, destacando a culinária como expressão cultural da Coreia
O Centro Cultural Coreano no Brasil, dirigido por Cheul Hong Kim, promove, a partir do próximo dia 16, uma imersão na culinária sul-coreana. Haverá no espaço a abertura da exposição fotográfica “Em busca de Hansik”, de Junwon Park, e o lançamento de Coreia do Sul: Cores & Sabores, de Carlos Eduardo Oliveira, pela Editora Melhoramentos. A curadoria é de Mideum Seo.
Além de reunir trechos e registros do livro, a exposição Em Busca de Hansik apresenta painéis explicativos sobre os jangs (molhos e pastas fermentadas que formam a base da maioria dos pratos tradicionais coreanos). Entre eles, o ganjang (molho de soja), o gochujang (pasta de pimenta) e o doenjang (pasta de soja fermentada). Para os visitantes que gostam de registrar a experiência, o espaço conta ainda com uma photozone com alimentos típicos da culinária sul-coreana.
As imagens exibidas foram feitas por Junwon Park durante uma imersão na Coreia do Sul ao lado do autor Carlos Eduardo Oliveira. No livro, que também traz fotografias de Neuton Araújo, a comida surge como um elo afetivo, um gesto de cuidado e convivência que atravessa gerações. Tanto a mostra quanto a obra celebram a diversidade cultural e refletem a crescente influência da Coreia do Sul na difusão da gastronomia asiática, impulsionada pelo fenômeno global da k-cultura, que vai da música aos dramas televisivos.
“Os K-dramas abriram o apetite do brasileiro para a Coreia do Sul, e a culinária é, sem dúvida, uma das nossas expressões culturais mais fortes. Esta exposição é uma oportunidade valiosa de aprofundar a conexão que o público já iniciou pelas telas. É a nossa chance de apresentar a riqueza por trás do hansik, mostrando que os pratos que ganharam fama são, na verdade, parte de uma tradição milenar de cuidado, compartilhamento e identidade”, afirma Cheul Hong Kim.
Em sua primeira visita à Coreia do Sul, Carlos Eduardo conta que o choque cultural começou pela mesa. Acostumado a realizar projetos semelhantes em outros países asiáticos, o autor se surpreendeu com a devoção dos sul-coreanos à própria comida:
“Tomei um susto com a quantidade de hansik”, lembra, referindo-se à culinária tradicional coreana. “Em shoppings, estações e aeroportos, praticamente só se encontra comida coreana. Quase não há pizza, sanduíche ou fast food. É uma fidelidade impressionante à sua própria gastronomia. A comida na Coreia do Sul não é apenas alimento, é memória, afeto e comunidade. Cada refeição parece carregar um sentido coletivo”, afirma o escritor.
Coreia do Sul: Cores & Sabores combina fotografia e relato de viagem, apresentando particularidades de cidades como Seul, Busan, Jinju, Jeonju e a Ilha de Jeju, destacando curiosidades que revelam a modernidade e o contraste cultural do país, desde restaurantes que servem peixes vivos até máquinas automatizadas de refeição. Para Junwon, a publicação do primeiro livro sobre k-food no Brasil tem um significado extremamente importante:
“Tradicionalmente, o processo de transmissão cultural tem sido unidirecional, com um lado apenas mostrando sua cultura ao outro. Mas esta exposição é diferente: foi criada a partir do olhar de um escritor brasileiro e de um fotógrafo coreano que ama o Brasil. Não se trata de simplesmente mostrar a cultura coreana, mas sim de ver a cultura coreana pelos olhos do Brasil. Acredito que isso é o ponto central desta mostra”, diz Junwon.
Coreia do Sul: Cores & Sabores, que tem prefácio da chef Jiyoung Kim e curadoria gastronômica da chef Regina Hwang, traz 18 receitas (17 salgadas e uma doce).
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