Vídeo de 2013 mostra Malafaia falando dos R$ 100 mil. Entenda
Blog contextualiza a história e o leitor acredite no que quiser
Alvo de um mandado de condução coercitiva, o pastor Silas Malafaia publicou em rede social um vídeo de mais de três anos atrás e escreveu o seguinte:
“Mais uma prova [de inocência]. Veja a minha fala no dia 7 de julho 2013 diante de 20 mil pessoas sobre a oferta que recebi. Isso não é corrupção!”
Assista. Contextualizo em seguida.
A suspeita a ser esclarecida pela Polícia Federal é se Malafaia teria “emprestado” contas correntes de uma instituição religiosa sob sua influência com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores.
Malafaia hoje nega que tivesse conhecimento de que os valores eram frutos de um esquema desvendado pela PF em que um Diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral detentor de informações privilegiadas a respeito de dívidas de royalties oferecia os serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos de CFEM junto a empresas de exploração mineral (65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais – CFEM – tem como destino os municípios).
No vídeo acima, da época em que recebeu o cheque de R$ 100 mil, Malafaia se refere à “oferta” feita por um advogado de Santa Catarina que tinha acabado de vencer uma causa.
Segundo o relato, um outro pastor foi quem comunicou a Malafaia que o advogado queria lhe fazer a oferta porque, dois anos antes, Malafaia, embora tenha dito que não se lembrava muito bem, havia rezado pela vitória do advogado, a pedido do mesmo pastor.
A causa, da qual Malafaia não demonstra no vídeo saber qualquer detalhe, pode ter sido justamente uma das cobranças judiciais de roylaties nas quais consistia o esquema de corrupção.
O advogado, ainda segundo o relato, pegou um avião numa terça-feira, foi ao escritório de Malafaia e lhe deu o cheque de R$ 100 mil.
O vídeo talvez não chegue a provar a inocência de Malafaia, mas obviamente quem tem de provar sua culpa é a PF.
De todo modo, para acreditar que ele sabia de tudo, parece ser necessário, também, acreditar que, por onipotência ou descuido, ele não viu problema algum em falar para milhares de pessoas da “oferta” durante um culto filmado; ou que, fingindo não saber o que sabia, nem conhecer quem conhecia, falou justamente para ter um álibi razoável se e quando o esquema fosse descoberto.
Enquanto a investigação não avança, o leitor acredite no que quiser.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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