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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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O Brasil é um grande Lulu

“Quem se define se limita.” Quem define os outros usa o Lulu.   Para não me apresentar ao público de VEJA usando apenas a adaptação da resposta original de Lord Henry (“Definir é limitar”) à duquesa Gladys Monmouth em ‘O retrato de Dorian Gray‘, como milhares de mocinhas que nunca leram Oscar Wilde fazem em […]

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 5 jun 2024, 10h53 - Publicado em 3 dez 2013, 06h00
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  • “Quem se define se limita.” Quem define os outros usa o Lulu.
     
    Para não me apresentar ao público de VEJA usando apenas a adaptação da resposta original de Lord Henry (“Definir é limitar”) à duquesa Gladys Monmouth em ‘O retrato de Dorian Gray‘, como milhares de mocinhas que nunca leram Oscar Wilde fazem em seus ilimitados perfis nas redes sociais, fui buscar inspiração no recém-lançado aplicativo onde as usuárias avaliam os homens através de notas e hashtags. Um estudante de Direito de São Paulo resolveu processar o Lulu por explorar sua imagem sem autorização. Eu prefiro agradecer. Nunca antes do Lulu eu havia me considerado uma figura tão controversa.
     
    Descobri, por exemplo, que sou ao mesmo tempo alguém que #PagaAConta e #EsqueceACarteira; que é #CertinhoDemais e #RebeldeSemCausa; #CopoMeioCheio e #CopoMeioVazio; #RomânticoSemCura e #SóPensaNisso [em sexo, imagino]; [sexo, imagino de novo] #SóDepoisDoCasamento e #ComeESome; #Natureba e #SóComeMcDonalds [ignoro a conotação dessa, ok?]; #RespeitaAsMulheres e #EscrotoComGarçons [serão só os garçons homens?]; #LindoTesãoBonitoEGostosão e #NãoFedeNemCheira; #SabeDasCoisas e #NãoSabeNemFritarOvo; #SabeEscrever e #NãoSeInteressaPorNada; #Gênio e #OtárioDePrimeiraLinha; #ÉFelizTodoDia e #NuncaTáFeliz; e por aí vai.
     
    Perto do Lulu, o horóscopo da Capricho é uma autoridade. Só não posso deixar de reconhecer que uma única hashtag quase me feriu: #MaisBaratoQuePãoNaChapa. Alto lá, mocinhas. Não mais. Cobrei uma fortuna(!) de VEJA para assinar um blog diário, aqui no mesmo site em que o #Rottweiller Reinaldo Azevedo escreve 24 horas por (meio) dia, isto quando não está na Folha despertando as hashtags da ombudsman Suzana Singer e de sua miguxa ideológica do Globo, Miriam Leitão, no grande Lulu da imprensa esquerdista brasileira. Coloquei no contrato: quero um bônus de R$ 100 por cada hashtag de esquerda que eu receber. Preciso compensar os 10 anos publicando textos de graça na internet.
     
    Durante esse tempo, nos intervalos de trabalhos jornalísticos e publicitários que me interessavam menos que as opiniões de Caetano Veloso mas me ajudavam a pagar as contas, falei – como pretendo falar neste blog – em prosa (e até em verso) de amor, relacionamento, amizade, cultura, comportamento, juventude, carnaval, samba, cinema, literatura, futebol e demais assuntos bem mais divertidos que a política, embora muitos leitores – sobretudo os mais recentes – me associem a ela só porque não resisto a desmascarar uns impostores de vez em quando, em nome do saneamento do ambiente cultural, vulgo “desluluzação”.
     
    Em 2013, após três anos de Blog do Pim e colaboração para o site Mídia Sem Máscara, meu passe se valorizou com o sucesso do best seller saneador de Olavo de Carvalho, idealizado e organizado por mim, ‘O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota’, presente há mais de 3 meses na lista de VEJA dos mais vendidos do país. [Compare preços aqui.] Embora o livro tenha capítulos para muito além da política, como Juventude, Conhecimento, Vocação, Cultura, Pobreza, Fingimento, Inveja e Linguagem, as luluzetes da esquerda acadêmica e internética usaram e abusaram das hashtags – naturalmente desprovidas de refutações que as justificassem -, como mocinhas falando mal daqueles que sabem que elas não prestam.
     
    Agradeço a eles (elas) por me ajudarem a esquentar essa chapa. No diálogo com a duquesa de Monmouth, o Lord Henry recusa o título de “Príncipe Paradoxo”, alegando entre risos: “Não quero que me chamem assim. Não há maneira de a gente se livrar de um rótulo!” É verdade. O melhor a fazer, nesses casos, é se divertir com eles. Eu adoro ser cada vez mais rotulado de tudo por mocinhas e esquerdistas do imenso Lulu nacional. Aprendi a capitalizar isso.
     
    De agora em diante, quem me define me enriquece.
     
    Felipe Moura Brasil

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