
Na sexta-feira em que culpou FHC pelos 12 anos de roubalheira do PT na Petrobras, a presidente Dilma Rousseff atribuiu sua silhueta mais esbelta à ginástica e à dieta Ravenna.
A ginástica inclui caminhadas de 30 minutos e sessões de musculação na academia montada no Palácio da Alvorada de 3 a 5 vezes na semana, em dias alternados. A dieta, desenvolvida pelo endocrinologista argentino Máximo Ravenna, exclui carboidratos refinados como pães, massas e doces, vistos como causa de compulsão alimentar à medida que dão mais fome.
Se Dilma escolhe seguir a dieta Ravenna, o povo “precisa” seguir a dieta Holland.
Diante da alta da inflação em setembro do ano passado, pressionada pelos preços dos alimentos, o governo Dilma, por meio do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, sugeriu que o povo brasileiro substituísse as carnes em suas refeições diárias por aves e ovos, que são mais baratos:
“Há uma série de outros produtos substitutos (para a carne) como frango, ovos e aves (…) que vêm apresentando comportamento benigno neste ano. É importante dizer que tem outros substitutos. A população precisa ficar atenta a isso”, disse Holland em plena corrida eleitoral.
Em 2015, os preços de alimentos seguem com alta forte também por conta do aumento do preço dos combustíveis e da energia elétrica, aliada à falta de chuvas. A grande maioria dos alimentos cruza o Brasil pelas estradas e, se o Diesel sobe, a tendência é que o valor do frete no transporte também aumente. Revoltados contra a alta do diesel, o aumento dos pedágios e o valor elevado dos fretes, caminhoneiros bloquearam nesta segunda-feira rodovias de seis estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Enquanto Dilma caminha no Palácio, o Brasil para nas ruas.
O Nordeste, reduto eleitoral do PT que a presidente quer reativar pessoalmente nesta semana após a queda da popularidade no Datafolha, não está livre das consequências. O preço dos alimentos subiram no Mercado Central de João Pessoa, por exemplo, onde o feijão está entre 30 e 50% mais caro, com o mulatinho saindo a 6 reais o quilo. “Eu pago aluguel de casa, pago casa, pago luz. O que é que eu vou comer?”, protestou a aposentada Isabel Maria de Jesus. “A verdura subiu mais de 100%”, reclamou outro aposentado, Olavo Delgado. Ambos aguardam novas sugestões alimentícias do governo, quiçá do ministro Joaquim “Escorregadinha” Levy.
Dilma faz dieta por opção. O povo, por inflação.
Vai ver, a culpa também é do FHC, que a reduziu em cerca de 1.000%.
PS:
* Veja também aqui no blog:
– O Brasil explicado, de FHC a Dilma
– A frouxidão e a dificuldade de comunicação do PSDB
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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