Aos 71 anos, Caetano “Black Bloc” Veloso finalmente descobre o seu ofício: revisor não autorizado da biografia de Alexandre Frota: “Tem uns erros de português (que me perdoem os linguistas o uso da palavra ‘erro’, para a qual eles devem ter substituta que não me ocorre) no livro maravilhosamente intitulado ‘Identidade Frota’, mas o livro é cheio da vitalidade e da franqueza de Alexandre, o Grande, figura importante em minha segunda (ou terceira) vida carioca. Os erros em geral são de flexão indevida dos verbos ter e haver. Como a maioria se dá nas falas entre aspas do biografado, pode ser apenas o modo de transcrever seu linguajar coloquial. Mas não sei não. Tem muito ‘fuder’ e ‘fudido’, ‘viado’ e ‘muleca’, esse velho hábito de escrever sem cuidado as palavras que se referem a coisas desrespeitáveis. Sempre achei esse costume chato e moralista no mau sentido. Já discuti com linguistas petistas no blog obraemprogresso que mantínhamos durante a feitura de ‘Zii e zie’. Seja como for, o livro sobre Frota é muito bom de ler. Muito quente e honesto, pelo menos por parte do protagonista.”
Pelo menos por parte de Caetano, as palavras que se referem a coisas desrespeitáveis jamais passarão batido. Na minha segunda (ou terceira) vida carioca, eu também quero um revisor assim.
Felipe Moura Brasil – https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/