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Ti West, diretor de MaXXXine, a VEJA: ‘Os filmes de terror ficaram leves’

Capítulo final da trilogia está em cartaz nos cinemas e é recheado de referências à Hollywood dos anos 80

Por Mariana Carneiro Atualizado em 16 jul 2024, 12h35 - Publicado em 16 jul 2024, 12h19
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  • Capítulo final da trilogia iniciada por X: A Marca da Morte (2022), MaXXXine chegou aos cinemas brasileiros na quinta-feira, 11. O longa acompanha a obstinada atriz pornô Maxine Minx (Mia Goth), que sobreviveu ao ataque sanguinário de uma idosa na fazenda onde gravaria mais uma produção erótica e, enfim, conseguiu seu primeiro papel num filme de Hollywood. Lotado de referências à indústria cinematográfica dos anos 1980, o longa não suaviza as peculiaridades da época, e retrata o fumacê de cigarros nos estúdios, o uso indiscriminado de cocaína e os conspiracionistas do “pânico satânico”. Em entrevista a VEJA, o diretor Ti West falou sobre o processo de criação da franquia, o tabu que gira em torno da representação de sexo e violência em filmes e mais. Confira:

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    A trilogia começou com um filme de orçamento pequeno, e agora chega ao fim com uma viagem grandiosa pela Hollywood dos anos 80, com lançamento internacional e grande elenco. Qual foi a sensação de dar esse salto para o mainstream de forma tão rápida e orgânica? É difícil dizer, porque nunca parei de trabalhar na trilogia. Fiz esses três filmes na sequência, sem folgas, então ainda não tive tempo para olhar para trás e ter qualquer senso de perspectiva. Mas tem sido ótimo. Tenho sido muito apoiado pela A24 e pela Universal — essa é uma oportunidade muito rara. Então, embora eu não tenha distância suficiente para saber como me sinto, ou o que está acontecendo no fandom dos filmes, tem sido uma jornada louca de quatro anos e meio, que provavelmente ficará comigo para sempre. Estou muito grato por tudo isso.

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    Ti West, diretor de 'MaXXXine'
    Ti West, diretor de ‘MaXXXine’ (Julien Hekimian/Getty Images)

    Hoje, seu trabalho é mais popular do que nunca, mas você não suavizou os temas de sexualidade e violência. Por que assuntos como esse ainda são tabu? Em geral, qualquer coisa que seja transgressora, progressista ou controversa [é tabu]. Dá para entender os dois lados. Há pessoas que querem, com sorte, experimentar com segurança esse tipo de coisa, e há outras que querem mantê-las trancadas, bem longe do mundo. E há algo nisso que cria uma dinâmica interessante e tensa. É sempre legal explorar [esses tópicos] em um filme de terror — os personagens estão passando por suas próprias hipocrisias enquanto tentam navegar pelo mundo. Acho que isso é compreensível para as pessoas.

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    Como muitos outros filmes dos últimos anos, MaXXXine é um pastiche dos anos 80. Acha que aquela década diz algo sobre os dias de hoje? Era uma época mais analógica. Há algo na tecnologia que é realmente ótimo, ela obviamente conectou as pessoas de uma forma que nunca havia acontecido antes, mas também não temos ideia de como navegar essa realidade como pessoas. Estamos todos fazendo isso de uma forma desajeitada, em tempo real. [Assistir ao filme] parece um pouco como tirar férias, é uma maneira das pessoas deixarem os problemas de hoje de lado e pensarem em uma época mais divertida. Gosto de fazer filmes que ofereçam algum tipo de escapismo.

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    MaXXXine brinca com a ideia do “pânico satânico”, um fenômeno não muito diferente dos conspiracionistas de hoje, que acreditam que Hollywood é uma espécie de covil do diabo. Quer provar que esses manifestantes estão errados, ou apenas se diverte com esse tipo de reação? Acho que você não pode ter um sem o outro. Particularmente, em 1985, quando o filme se passa, houve um grande clamor moral contra certos tipos de música, filmes e conteúdos que estavam no mercado, disponíveis para crianças. Olhando para trás, essa reação parece meio estranha e antiquada, tipo: “Meu Deus, as pessoas ficaram tão chateadas com essa música de heavy metal”. Isso é tão ridículo, da mesma forma que parece ridículo que as pessoas tenham ficado chateadas porque Elvis estava balançando os quadris na década de 1960. Hoje, quando você olha para trás, não parece grande coisa. E tenho certeza que daqui a 20 anos as pessoas vão olhar para trás, ver algumas das coisas que parecem ultrajantes hoje e pensar que isso é ridículo também. Isso está sempre conosco, apenas evolui com o que quer que esteja acontecendo no momento. Então acho que apresentar os dois lados de maneiras diferentes nos três filmes é apenas parte da história que estou tentando contar.

    Hoje em dia, as cenas de sexo também são frequentemente criticadas como “gratuitas” ou “sexistas”, e a pornografia é chamada de um “vício terrível”. Sua trilogia, porém, representa o sexo com carinho e indiferença. Por que esse mundo e essa linguagem visual são valiosos para você? Eu sentia que os filmes de terror ficaram leves. Tradicionalmente falando, filmes de terror tinham a má reputação de serem de qualidade muito baixa e tratarem apenas de sexo e violência. Quando fiz X, eu pensei: e se pegássemos algo de “qualidade baixa”, sobre sexo e violência, e tratássemos isso com o nível mais alto da arte cinematográfica? Foi uma maneira interessante de voltar ao que, de muitas maneiras, tornou esse tipo de filme popular, mas de uma forma atualizada. Então [a representação positiva do sexo] não parecia algo tão profundo para mim, era só uma nova maneira de contar uma história. O filme não é tão politicamente carregado, e acho que o público se identificou com isso. As pessoas ficaram felizes em ver algo com que poderiam se divertir um pouco, sem ficarem sobrecarregadas com mensagens realmente pesadas. E então isso virou uma bola de neve, que influenciou os outros dois filmes de maneiras distintas. Acho que [o sexo] faz parte da trilogia e evolui a cada filme. Há um pouco de bobagem, um pouco de maturidade hipócrita na forma como o representamos.

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    Paralelamente à jornada de Maxine ao estrelato, Mia Goth tornou-se mundialmente famosa graças à esta personagem. Como tem sido observar a jornada dela em meio a isso? Novamente, como ainda estou trabalhando na trilogia, não tenho tanto senso de perspectiva. Estou ciente do que está acontecendo, sei que esses filmes tornaram a Mia mais reconhecível. Eu sei que ela está fazendo um outro filme agora e depois vai fazer Blade [da Marvel], estou muito ciente da trajetória dela — mas ao mesmo tempo, ela é apenas a Mia, uma amiga com quem estou fazendo filmes, então eu não realmente não sei a visão do público sobre tudo isso. Eu sempre soube que ela era ótima, e o fato de que as pessoas logo descobririam isso parecia inevitável, quer ela fizesse filmes comigo ou não. Então estou feliz por poder fazer parte disso. Tivemos uma colaboração muito legal, mas [a fama dela] não é surpreendente para mim.

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