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Oscar pede perdão a indígena vaiada no prêmio há 50 anos

Atriz e ativista recusou estatueta em nome de Marlon Brando, num protesto pelo modo como o povo nativo era retratado no cinema

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 ago 2022, 10h31
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  • Em 1973, Marlon Brando foi anunciado como o vencedor do Oscar de melhor ator, pelo seu trabalho incontornável no hoje clássico O Poderoso Chefão. Quem subiu ao palco, porém, não foi o astro, e sim a ativista indígena Sacheen Littlefeather, a quem Brando, também ativista da causa nativa americana, pediu que o representasse na cerimônia. “Infelizmente, ele não pode aceitar esse generoso prêmio”, disse Sacheen, então com 26 anos. “A razão para isso é o modo como os povos nativos são retratados pela indústria do cinema e da televisão, além dos recentes acontecimentos em Wounded Knee”, disse a jovem sobre o posicionamento violento da polícia na região contra uma manifestação indígena, ao Sul dos Estados Unidos.

    A reação da plateia se mesclou entre alguns aplausos ofuscados por vaias ao protesto de Sacheen e Brando. Ela foi escoltada para fora do palco por dois seguranças. Recentemente, em entrevista à BBC, Sacheen, hoje com 75 anos, contou que deu de cara nos bastidores com um furioso John Wayne, icônico ator de faroeste, contido por seis homens. “Ele mesmo queria me tirar do palco”, conta ela. 

    O caso ficou marcado como o primeiro de muitos outros protestos políticos que se seguiriam em palcos de premiações. Agora, a Academia de Hollywood reviveu o caso pedindo perdão a Sacheen pelo modo como ela foi tratada na época. “Não pensei que viveria para ouvir isso”, disse ela ao site The Hollywood Reporter. A ativista, que também era atriz, foi rechaçada pela indústria e ameaçada por autoridades – que censuraram qualquer tentativa de entrevista de Sacheen em programas de talk show. “Os abusos que você suportou por causa daquele protesto são indefensáveis e injustificáveis. O fardo emocional e o preço que custou à sua carreira são irreparáveis. Sua coragem foi ofuscada. Por tudo isso, nós oferecemos nossas mais sinceras desculpas e admiração”, diz a carta-aberta assinada pelo presidente da Academia, David Rubin. 

    O pedido de desculpas veio acompanhado do anúncio do convite a Sacheen para participar de um evento dos organizadores do Oscar, voltado para a população nativa americana, que vai ocorrer em 17 de setembro, no Museu da Academia.

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