Entrar sem ser convidado em planetas hostis e naves espaciais superprotegidas é um dos talentos de Peter Quill, um ex-saqueador vertido em herói da Marvel, que atende pelo codinome nada modesto de Senhor das Estrelas. Interpretado por Chris Pratt, o personagem mais cômico do que heroico coloca essa habilidade à prova em Guardiões da Galáxia Vol. 3 (Guardians of the Galaxy Vol. 3; Estados Unidos; 2023), em cartaz nos cinemas: em determinado ponto, a trupe liderada por ele deve invadir a Orgoscope, empresa liderada por um megalomaníaco eugenista, sediada em um satélite revestido por material orgânico. Resumindo (se for possível): trata-se de uma nave espacial com a aparência externa de um órgão humano, com direito a músculos, nervos e muita gordura — protegido por seguranças com trajes que emulam anticorpos. Entrar nela requer uma cirurgia — e um tanto de estômago de quem assiste ao filme.
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Diretor e mente por trás dos três filmes dos heróis mais estranhos da Marvel, James Gunn é modesto ao falar da criativa concepção deste e dos muitos cenários que compõem a saga. “A Orgoscope trabalha com manipulação genética. Fazer uma sede nesse formato era uma ideia bem simples”, disse ele a VEJA. Pratt rebate: “Virou moda em Hollywood tentar copiar os Guardiões da Galáxia, mas James é uma mente rara e especial na nossa fórmula”. Hoje contratado pela concorrente, a DC Studios, para dar rumo ao grupo formado por Batman e Superman, Gunn encerra sua parceria com a Marvel neste filme, que também é a despedida do grupo com a formação atual. O adeus vem embalado por dilemas de bastidores com uma reviravolta digna de cinema.
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Depois de dois longas bem-sucedidos, Gunn foi demitido pela Disney, dona da Marvel, quando tuítes antigos com piadas inofensivas, mas “canceláveis”, vieram à tona. O elenco em peso bateu o pé: sem o diretor não haveria um terceiro Guardiões da Galáxia. A Disney voltou atrás — e, curiosamente, fez valer a ideia central da saga: a camaradagem entre amigos é mais poderosa que qualquer ameaça. Após os eventos de Vingadores: Ultimato (2019), os Guardiões se estabelecem em uma nave em formato de crânio à deriva no espaço. Peter sofre sem a namorada Gamora (Zoë Saldaña), enquanto os colegas tentam transformar o lugar mambembe em um lar. A paz é interrompida quando o guaxinim Rocket (voz de Bradley Cooper) é atacado pela empresa que o criou, a Orgoscope, e fica entre a vida e a morte. Todos se mobilizam para salvá-lo — uma última viagem que causa risos e até lágrimas.
Publicado em VEJA de 10 de maio de 2023, edição nº 2840
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