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Oliver Stone faz de Lula um herói injustiçado em filme lançado em Cannes

Documentário foi exibido neste domingo no Festival na França

Por Jennifer Queen, de Cannes
Atualizado em 20 Maio 2024, 09h39 - Publicado em 19 Maio 2024, 18h56
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  • Aos 77 anos, o cineasta americano Oliver Stone coleciona prêmios ao longo de sua vasta carreira no cinema. Vencedor de dois Oscar com Platoon (1987) e Nascido em 4 de Julho (1985),  ele costuma transpor para as telas dramas de ficção baseados em histórias reais, cujo protagonistas, em geral, são pessoas desiludidas com o governo americano e suas ações contestáveis. Progressista assumido, sua verve mais radical costuma aflorar na produção de documentários, geralmente para exaltar líderes mundiais controversos, por quem não disfarça a admiração. Fidel Castro, Vladimir Putin e Hugo Chávez já foram tema de filmes assinados por ele. Agora, Stone adicionou um novo personagem à sua filmografia: o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT),  principal estrela do longa metragem Lula, lançado neste domingo, 19, no prestigiado Festival de Cannes.

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    Da pobreza à presidência

    “Todos aqui adoram Lula”, disse o anfitrião Thierry Fremaux, ao receber no palco do evento Stone e seu colega Rob Wilson, com quem assina o trabalho.  O diretor não titubeou em sua resposta e disse que admirava muito o presidente brasileiro, por sua origem das classes mais baixas.  “Mas sei que as classes mais ricas o detestam”, provocou.

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    O documentário traz logo de início uma das primeiras entrevistas de Lula a Stone. O mandatário é apresentado na tela sob diferentes perspectivas, desde sua origem política no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, até a conquista da presidência da República pela terceira vez.

    Diante das câmeras, Lula  narra sua história, passando pela infância pobre no interior de Pernambuco e pelo trabalho como operário nas fábricas da Grande São Paulo: “fui o primeiro filho da minha mãe a ganhar mais do que um salário mínimo, e a ter uma casa, um carro, uma televisão”, conta. O ingresso na vida pública é narrado quase como uma revolta: “Eu nunca gostei de política. Mas quando visitei o congresso e vi que nenhuma cadeira era ocupada por um representante dos trabalhadores, tive a ideia de criar o PT”.

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    Lava jato

    Em tom bastante chapa-branca, as eleições perdidas em 1989 logo dão espaço à primeira vitória, em 2002, e aos dois mandatos que, segundo o documentário, trouxeram prosperidade para o país. O foco do filme, no entanto, se concentra  no período entre 2016 e 2019, quando o então ex-presidente foi julgado e condenado na Operação Lava Jato.

    “Lula foi preso por uma armação. Ele provou isso no filme, ao dizer que foi preso após o que na América do Sul e em outros países é chamado de ‘lawfare‘, exploração política da Justiça que consiste em colocar alguém atrás das grades com a ajuda de um grande número de políticos”, disse Stone em uma entrevista concedida à organização do festival.

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    A narrativa intercala o relato de Lula, muitas vezes em tom ben humorado, e as declarações do jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, responsável por revelar o conluio entre o ex-juiz Sergio Moro e integrantes do Ministério Público, durante o julgamento. O diretor também colheu depoimento de Walter Delgatti, hacker responsável por invadir os telefones de Procuradores de República e outras autoridades, condenado na Operação Spoofing, que investigou o caso conhecido como Vaza Jato. 

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    Embora não exista qualquer evidência do envolvimento do governo dos Estados Unidos no episódio, Stone não deixa de apontar o dedo para seu principal inimigo: “nada de importante acontece nos países latino-americanos sem pelo menos uma participação dos Estados Unidos”, diz Greenwald em uma de suas falas.

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    Panfletagem 

    Nos últimos minutos do filme, o diretor explora a tensão das horas finais de contagem de votos, no segundo turno da eleição de 2022. Este é o único momento em que Stone trata do processo de polarização que marca a realidade brasileira atualmente. “Eu estou apaixonado novamente, e poderia largar tudo isso para viver um fim de vida feliz com Janja. Mas o Brasil precisa de mim”, diz Lula a Stone, sem disfarçar exibir qualquer sinal de modéstia. O filme termina em tom emocionante, com ares de programa do horário eleitoral. Recém-eleito, ele se dirige à nação: “vou governar para todos os brasileiros, principalmente para os menos privilegiados”.

    No seu depoimento aos organizadores do evento, Stone não escondeu a intenção de seu documentário: exaltar a figura de Lula em nível mundial.  “É um homem nobre. Penso que representa algo que esquecemos em grande parte: podemos ter bons presidentes liberais. Não precisamos de guerra. Ele é um dos homens mais pacifistas que conheço no mundo e tem o poder de fazer com que os países mudem as suas políticas”, completa.  

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