Chris Columbus sobre best-sellers: ‘Harry Potter foi meu batismo de fogo’
No comando de 'O Clube do Crime das Quintas-Feiras', diretor revela a VEJA como aprendeu a lidar com a pressão de levar para as telas sagas de sucesso
Um grupo de aposentados se reúne todas as quintas-feiras para investigar, em sigilo, crimes arquivados pela polícia. O hobby peculiar ganha contornos perigosos quando um assassinato vira de ponta-cabeça a comunidade pacata, obrigando os idosos a se empenharem na solução de um crime próximo a eles. Protagonizado pelos veteranos Helen Mirren (80), Pierce Brosnan (72), Ben Kingsley (81) e Celia Imrie (73), O Clube do Crime das Quintas-Feiras integra há duas semanas a lista de filmes mais vistos da Netflix — e leva para as telas o primeiro livro da série best-seller do inglês Richard Osman, que já vendeu mais de 10,5 milhões de cópias em todo o mundo.
Dirigido por Chris Columbus, nome por trás do marcante Esqueceram de Mim, o longa inspirado na obra de Osman diverte o público ao unir investigação criminal a uma boa dose de humor e empatia na terceira idade. Responsável também pela adaptação dos dois primeiros filmes da saga Harry Potter e do primeiro Percy Jackson, o diretor de 66 anos contou a VEJA como foi o processo de adaptar mais um best-seller para as telas e como lida com a pressão ao trabalhar com tramas que são grandes sucessos editoriais. Confira a entrevista:
O Clube do Crime das Quintas-Feiras é uma série de livros que já vendeu mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo. Como foi o processo de adaptação para as telas? Foi mais ou menos como Harry Potter, no sentido de que é um livro longo. Se tivéssemos a oportunidade de fazer uma série de televisão, provavelmente seria um programa de seis horas. Então, foi uma questão de identificar o essencial da história, focar nos personagens, no humor e na qualidade emocional do filme. Aparamos um pouco do mistério para simplificar um pouco as coisas e termos um filme de duas horas ao invés de 20 horas.
Você citou Harry Potter, que junto com o livro de Osman e de Percy Jackson compõem a lista de best-sellers dirigidos por você nas telas. Como é trabalhar com adaptações que tem tamanha expectativa por parte dos fãs? Certamente Harry Potter foi uma espécie de batismo de fogo para mim. Foi uma grande oportunidade, mas eu estava em uma situação em que sabíamos que havia sete livros para serem adaptados. Se por algum motivo eu estragasse o primeiro filme, ou ele não desse certo, não haveria nenhum outro — então, havia essa pressão. Mas tendo vivido isso no primeiro filme eu me livrei desta sensação. Cheguei em O Clube do Crime das Quintas-Feiras uns 20 anos mais velho. Sou fã do livro e adoro os personagens, e percebi que precisava deixar isso me guiar. Então, fui menos guiado pelo medo e mais pelos meus próprios instintos.
Além do filme da Netflix, há diversos outros títulos recentes protagonizados por aposentados resolvendo crimes e se divertindo com isso. Como vê esse tipo de história? Tematicamente, eu adoro a ideia de que a partir de certa idade as pessoas pensam que é hora de se aposentar, jogar golfe e relaxar, enquanto esses personagens se sentem mais vivos do que nunca. Eles podem ter 10, 15, 20 anos pela frente, mas se sentem mais relevante do que jamais sentiram em suas vidas, e é isso o que me atrai.
A trama é de detetives, mas também tem um humor britânica marcante. Como equilibrou esses aspectos? Era importante pra mim preservar o humor da história. Uma das coisas que diferencia O Clube do Crime das Quintas-Feiras de muitos outros mistérios é o senso de humor afiado e espirituoso dos personagens, em vez de apenas humor pelo humor. Mas também há um núcleo emocional intenso que lida com a mortalidade, e eu adoro o fato de essas serem as coisas mais importantes da história, mais até do que o assassinato em si. Isso dá ao livro e ao filme uma perspectiva muito mais interessante, porque a maioria dos mistérios de assassinatos tendem a ser, por sua própria natureza, frios, processuais ou exageradamente grandiosos. Então, achei revigorante o fato de lidarmos com pessoas muito reais.
Como foi dirigir alguns dos nomes mais aclamados do cinema? Foi absolutamente extraordinário e todos foram muito profissionais. Ás vezes presume-se que alguém que trabalha há 35 ou 40 anos pode estar cansado ou desanimado para trabalhar, mas todos estavam cheios de entusiasmo e trouxeram muito vitalidade para o trabalho. Era quase como se fosse o primeiro filme deles, e todos nos alimentávamos do entusiasmo e da empolgação uns dos outros. Foi uma grande alegria e eu ia trabalhar todos os dias como fã, assistindo a todos aqueles atores incríveis performarem.
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