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‘BlackBerry’: a história de glória e ruína do avô dos smartphones

Com humor trágico, o filme explora os bastidores da invenção do celular revolucionário que não sobreviveu ao mercado que ele mesmo ajudou a criar

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h24 - Publicado em 7 out 2023, 08h00
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  • No início dos anos 2000, uma cena peculiar tomou as ruas: com o pescoço curvado para frente, cabeça olhando para baixo e um celular na mão, as pessoas diminuíram o contato visual diário com outros humanos para interagir (ou não) por meio do pequeno aparato conectado à internet. Hoje onipresente e de implicações bem conhecidas, a mania era um elemento novo e estranho há coisa de apenas vinte anos — e o aparelho que a desencadeou até ganhou um apelido: então dominante no mercado, o Black­Berry foi chamado de “Crack­Berry” por seu poder viciante comparável ao da droga. Com teclado característico que permitia facilidade inédita para digitar mensagens e e-mails, o smartphone pioneiro revolucionou a tecnologia e mudou o comportamento humano de modo irreversível: até então, o acesso à internet só era possível nos computadores conectados a cabos e linhas telefônicas — com o BlackBerry, o acesso on-line se espalhou pelos espaços públicos do mundo. Em seu pico, a empresa de Waterloo, no Canadá, dominava quase 50% do mercado global de celulares. Hoje, ironicamente, ela sumiu do mapa.

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    A trajetória de ascensão e queda do celular de design indefectível é contada com tom de humor trágico em BlackBerry (Canadá, 2023), que estreia nos cinemas na quinta-feira 12. O filme reforça uma leva inesperada de produções deste ano que observam a criação de produtos inescapáveis da história recente — de Air, sobre o tênis da Nike ligado ao ídolo do basquete Michael Jordan, até Tetris, que narra o conturbado nascimento do game na União Soviética da Guerra Fria. Na contramão desses longas, BlackBerry não oferece um final feliz de superação ou uma rica lição empresarial. A sequência de erros que decretou a morte do popular smartphone foi rápida e silenciosa — sendo a raiz do declínio a falsa sensação de segurança e superioridade que tantas vezes atinge os que chegam ao topo do mundo.

    AMBIÇÃO - Glenn Howerton na pele de Jim Balsillie: um tubarão entre os nerds
    AMBIÇÃO - Glenn Howerton na pele de Jim Balsillie: um tubarão entre os nerds (IFC Films/.)

    Filmada com estética de documentário, no modelo da série Succession, com uma câmera que parece espiar lugares proibidos, a produção rapidamente apresenta os três criadores da empresa. De um lado estão os amigos de infância e nerds Mike Lazaridis e Doug Fregin, vividos por Jay Baruchel e Matt Johnson — este último também diretor e roteirista do filme. Do outro, o ganancioso empresário Jim Balsillie (Glenn Howerton). Com apetite voraz por poder e dinheiro, Jim toma as rédeas da empresa, então batizada de Research in Motion (RIM), e desequilibra a relação de Mike e Doug — a dupla que esbanjava habilidade diante de computadores tinha zero tino para os negócios. O trio se ajudou na mesma medida em que se autodestruiu.

    Steve Jobs

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    Persuasivo e com bons contatos, Jim conquistou investidores quando Mike e Doug, nos anos 1990, decodificaram a magia de como espalhar acesso on-­line sem fio aos celulares, descoberta que a indústria perseguia sem êxito até então. “Os três personificam tipos de profissionais comuns”, disse Matt Johnson a VEJA. “Jim é o ambicioso, Mike é o perfeccionista e Doug, o idealista — facetas perigosas quando em excesso.”

    TECLADO POP - O produto no auge: aparelho era grande objeto de desejo
    TECLADO POP – O produto no auge: aparelho era grande objeto de desejo (Bloomberg/Getty Images)

    Nessa história, o idealista Doug foi quem se deu melhor. Enquanto Jim se envolvia em tramoias fiscais e instaurava uma política de trabalho quadrada e ferrenha, Mike mergulhou em um narcisismo equivocado, crendo ser o melhor do mundo — e, logo, julgando-se inalcançável. Descontente com os rumos da empresa, Doug vendeu sua parte quando o BlackBerry estava no auge — ação que fez dele um bilionário de hábitos reclusos desde então. Mike e Jim, finalmente, foram atropelados por uma investigação de fraude com multas milionárias.

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    Mas a nêmese que os mandou direto para a UTI dos negócios atendia por Steve Jobs. Absorvendo as inovações criativas do BlackBerry, o chefão da Apple lançou o iPhone em 2007, vendendo não só um serviço de telefonia e e-mail como o do concorrente, mas também a magia da interação por meio de toques na tela e um novo estilo de vida — visão que escapou aos olhos dos canadenses. Da glória ao ocaso, o Black­Berry provou que nem os gigantes da tecnologia estão imunes ao pior dos destinos: a extinção.

    Publicado em VEJA de 6 de outubro de 2023, edição nº 2862

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