Atores desenterram caso de exploração infantil em filme dos anos 60
Intérpretes de 'Romeu e Julieta' alegam que diretor garantiu que não faria cenas de nudez, mas mudou de ideia e coagiu os então adolescentes
Os protagonistas da adaptação cinematográfica de Romeu e Julieta lançada em 1968 estão processando a Paramount por exploração infantil, informou a revista americana Variety. Olivia Hussey e Leonard Whiting — que tinham, respectivamente, 15 e 16 anos — alegam que o diretor Franco Zeffirelli disse a eles que não haveria cenas de nudez e que seriam usadas roupas íntimas da cor da pele em uma cena dos amantes no quarto, mas o cineasta teria mudado de ideia e insistido para que eles atuassem nus “ou o filme falharia”.
Segundo a denúncia, Zeffirelli mostrou a eles onde a câmera seria posicionada e garantiu que nenhuma nudez seria fotografada ou divulgada no filme, mas imagens das nádegas de Whiting e dos seios de Hussey foram expostas. Por isso, eles alegam no processo que o diretor, morto em 2019, foi desonesto e que Whiting e Hussey foram filmados nus sem consentimento. Hussey, porém, chegou a declarar em 2018, que a cena era “necessária” para o filme, embora ainda fosse tabu nos Estados Unidos.
A denúncia também afirma que a dupla sofreu “angústia mental e sofrimento emocional” nos anos seguintes e perdeu oportunidades de emprego. Agora, eles buscam uma indenização que se acredita acima de US$ 500 milhões. “Eles eram crianças jovens e ingênuas nos anos 1960, que não entendiam o que estava prestes a acontecer”, disse Solomon Gresen, advogado da dupla. “De repente, eles ficaram famosos em um nível que não esperavam e, além disso, foram violados de uma forma que não sabiam como lidar.”
Iniciado em 30 de dezembro, o processo chega em meio a uma onda de ações similares movidas na Califórnia, estimuladas por uma mudança na lei estadual que suspendeu temporariamente as limitações para denúncias antigas de abuso sexual infantil, levando casos datados desde a década de 1940 à Justiça.