O Festival de Cannes começou nesta terça-feira, 16, e contará com 21 filmes de dezesseis países na competição pela Palma de Ouro. A atriz americana Brie Larson faz parte do júri da edição e, na primeira coletiva de imprensa do evento, expressou certo incômodo sobre um tópico polêmico que vem rondado o festival: o filme escolhido para a abertura foi Jeanne Du Barry, da cineasta Maïwenn, e protagonizado por Johnny Depp. O ator ainda carrega consigo o peso do julgamento midiático com a ex-mulher e atriz Amber Heard, que o acusou de violência doméstica. Quando questionada se iria à estreia do longa — sua presença enquanto jurada não é obrigatória –, Brie expressou desconforto: “Você está me perguntando isso?”, disse. “Sinto muito, não entendo a correlação, ou por que eu especificamente”. Pressionada, acabou respondendo com tom de incerteza: “Você verá, eu acho, se eu vir. E não sei como vou me sentir se o fizer”. Mais tarde, Brie acabou atendendo à pré-estreia ao lado dos colegas do júri.
A atriz é conhecida por defender abertamente o movimento #MeToo, que explodiu em 2017 quando mulheres da indústria expuseram casos de assédio e agressão sexual em Hollywood. Brie também fez parte do conselho consultivo do Time’s Up, organização sem fins lucrativos fundada em 2018 em apoio às vítimas. Em 2017, a atriz entregou o Oscar de melhor ator a Casey Affleck, que havia sido acusado de assédio por duas mulheres, mas se recusou a aplaudi-lo ou abraçá-lo no palco.
Em uma coletiva realizada na segunda-feira, 15, Thierry Fremaux, diretor do festival, defendeu a exibição do filme encabeçado por Depp e enfrentou as polêmicas sob a premissa da liberdade de expressão: “Se há alguém no mundo que não teve nenhum interesse neste julgamento midiatizado sou eu. Não sei do que se trata. Me importo com Depp como ator”. Para Depp, a aposta no cinema europeu trata-se de uma oportunidade para retornar ao estrelato, mesmo que longe dos Estados Unidos. Jeanne Du Barry marca sua volta à indústria após três anos afastado das telas.