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Educação em evidência

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O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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Vamos disseminar o vírus da leitura

Podemos aproveitar esses duros tempos de quarentena por conta de uma pandemia para valorizar os livros e a leitura interativa.

Por João Batista Oliveira
Atualizado em 30 jul 2020, 19h04 - Publicado em 23 mar 2020, 18h39
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  • A maior herança que podemos deixar para nossos filhos (e netos) é o gosto e hábito pela leitura. Em tempos de coronavírus, nada mais oportuno do que estimular pais, avós, tios e todos os que estão colaborando nos mutirões de apoio às famílias para tratar desse assunto.

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    São comprovadas as vantagens de habituar as crianças com livros e leitura desde o berço. Isso permite que associem o gosto pela leitura ao prazer de estar com um adulto querido. Por isso, falamos em “leitura desde o berço”. Desde cedo, a criança deve receber doses variadas de leitura ao longo do dia – nas brincadeiras da manhã, nas leituras associadas às rotinas do dia, nas leituras no sofá e, sem faltar, nas leituras na hora de dormir.  

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    Há várias características de uma boa leitura interativa. É preciso explicar os adjetivos boa e interativa. A boa leitura inclui a vontade de ler, o envolvimento do leitor, a prosódia que reflete a interpretação da leitura com foco na criança. A leitura interativa merece maiores explicações.

    A interação natural da criança com os livros é colocá-los na boca. Isso ela faz com qualquer objeto – a criança apreende o mundo pelos sentidos. A boca está associada à necessidade e prazer da alimentação. Se não for de comer, pode servir para lamber, mastigar… Enfim, a criança tem suas diversas formas de explorar novos objetos. Livros de pano, livros grossos com lados arredondados, tudo isso evita problemas e ajuda a aproximação da criança com o livro. 

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    Mas tem muito mais. A interação é a conversa em torno do livro – da capa, da contracapa, do autor, da ilustradora, das ilustrações, do enredo, dos ritmos, das músicas associadas. Tudo pode ser objeto de conversa, de interação. Na medida em que a criança cresce, a interação vai se sofisticando – ele identifica os livros, palavras, repete algumas, demonstra preferências. Nada a ver com interrogatórios ou com questionários “cobrando” a leitura. 

    Mas tem mais. A interação está na conversa – relacionar o que está no livro com o que está no mundo e vice-versa: o carro, o trem, o cachorro, a menina que visita a avó, e assim por diante. É dessa forma que a criança vai aprendendo a estabelecer relação entre o mundo da leitura e a leitura do mundo – a frase de efeito é de Marisa Lajolo. 

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    A leitura interativa é que faz a diferença. Esta é uma das razões pelas quais os estudiosos do tema acreditam na inconveniência dos textos eletrônicos para esta faixa etária. Mas a principal razão vai agora: eletrônicos estão associados com entrega, abandono da criança. O livro físico exige a presença do adulto, e a interação é que faz toda a diferença. 

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    Esta é uma área em que o Brasil vem evoluindo, mas muito pouco em relação a outros países. A quantidade de livros publicados é enorme, mas a qualidade deixa muito a desejar. Saudades da Cosac-Naif! Predominam ainda os livros politicamente corretos, os livros que querem ensinar valores e boas maneiras a qualquer custo ou os livros que querem fazer gracinha com as palavras, mas que raramente conseguem sucesso. Claro que muitos livros excelentes, com boas histórias, mesmo para crianças de zero a quatro anos. E sempre há os clássicos – sempre é possível encontrar boas edições deles. 

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    Em 2010 me apaixonei pelo tema. A razão: tinha obtido sucesso com programas de alfabetização, mas para fazer a criança chegar bem ao 5º ano do ensino fundamental precisava começar mais cedo – com a formação do gosto e hábito pela leitura. No Instituto Alfa e Beto, produzimos um catálogo chamado “Os 600 livros que toda criança deve ler antes de chegar na escola”. O catálogo está superado, mas a ideia permanece: 6 anos, 100 livro por ano, 2 livros por semana. Uma dieta saudável. 

    E produzimos também um vídeo explicando e ilustrando como fazer leitura interativa.

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    Em tempos de coronavírus, vale estimular a sociedade a valorizar os livros e a leitura interativa em casa. E, quem puder, que ajude os que não podem a ter acesso a livros e às formas de fazer uma boa leitura. Especialmente nesses duros tempos que vamos enfrentar. Essa, sim, é uma pandemia que deve contaminar a todos. 

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