Quem serão os futuros professores?
Boletim IDados da Educação, publicação lançada nesta semana, destaca o perfil dos futuros professores e mostra dados que devem tirar o sono dos brasileiros.
O IDados acaba de publicar o Boletim da Educação N.3, que trata do perfil dos professores que vão ensinar nossos filhos e netos. O IDados é uma instituição especializada em transformar dados em inteligência, com o objetivo de qualificar o debate nacional sobre educação. O Boletim está disponível para download.
O que dizem os dados? Em poucas palavras:
- O que já não era bom está piorando. Com a expansão de vagas no ensino superior, os alunos menos qualificados se concentram nos cursos de Pedagogia e Licenciaturas.
- O nível de desempenho desses alunos na prova de conhecimentos gerais é muito baixo.
Por que esses dados devem tirar o sono dos brasileiros? Há pelo menos quatro razões para isso.
A primeira é que é muito difícil que esses alunos, com esse perfil, façam um bom curso superior – ainda que isso existisse. E, quando concluem, o nível de aprendizagem é baixa. Com isso ficam prejudicadas também as tentativas de “reciclagem” e formação em serviço.
A segunda é que o nível de cultura geral de nossos futuros professores é muito baixo – mas eles são os responsáveis por transmitir às novas gerações a nossa herança cultural.
A terceira razão para perdermos o sono é que nisso também vamos na contramão do mundo: nos países da OCDE, o perfil dos candidatos a professor é próximo ao perfil médio dos candidatos a cursos superiores. E nos países de melhor desempenho, os futuros professores são recrutados entre os 5 a 30% melhores do ensino médio.
A quarta razão é simples: para ser bom professor é preciso ter sido bom aluno, de preferência um aluno muito bom, bem acima da média. Isso não tem conserto.
O Boletim do IDados também sugere a necessidade de analisar a eficácia e eficiência dos mecanismos de bolsas de estudo: se o nível dos alunos na entrada e na saída não é o adequado; se a deserção é enorme; se, mesmo com a deserção, a quantidade de graduados é muito superior à demanda, cabe perguntar: o mecanismo de financiamento, além de ineficiente e com alto risco de inadimplência, não estaria gerando efeitos perversos?
Vale a pena conferir o Boletim e ver mais dados para embasar esse debate. O link para download é www.alfaebeto.org.br/boletim-idados-perfil-dos-futuros-professores/
(Na próxima semana retorno com o último texto da série de artigos sobre Educação Baseada em Evidências que venho publicando neste espaço)