Mais uma rodada de evidências – desta vez apresentada pela empresa de consultoria McKinsey – comprova a importância do professor para explicar o desempenho escolar dos alunos. Usando dados de países da OCDE e do Brasil, o estudo reafirma e acrescenta algumas nuanças ao que já era conhecido: aprendem mais os alunos cujos professores usam bem o tempo lecionando, e aprendem menos os alunos cujos professores ficam fazendo muitas “atividades”.
Até aí não temos novidades – embora os novidadeiros sempre esperam que “novos métodos” irão resolver os problemas do ensino. As evidências acumuladas há séculos continuam dizendo que, dentro do modelo tradicional da escola, o professor e sua boa aula fazem a grande diferença. Em outros modelos de ensino, certamente outros métodos e técnicas poderão funcionar melhor.
Aqui entra o desafio: se os professores são tão importantes, e se é razoável supor que a maioria dos professores faz o melhor que pode, como explicar o baixíssimo desempenho dos alunos em nosso país? E, em particular, como explicar o baixíssimo ganho de conhecimentos dos alunos entre o 5o e o 9o ano – exatamente quando eles passam a ter professores especialistas nas disciplinas que lecionam?
A resposta é incômoda – e por isso raramente é oferecida para discussão. Uma coisa é saber que o professor é importante e faz diferença. Outra coisa é fazer diferença. Para fazer diferença, não basta qualquer professor – é preciso que os professores tenham tido uma educação geral de boa qualidade e uma formação profissional ainda melhor.
É esse o principal gargalo da educação brasileira, mas que nenhuma autoridade educacional se propõe sequer a discutir, muito menos a enfrentar.
De um lado, é forçoso reconhecer a cara da realidade e usar estratégias comprovadamente eficazes que possam ajudar o professor a ter um melhor desempenho, dentro de suas limitações. As evidências são claras quanto a isso – e a retórica da “educação continuada” e a saída usual de “mais treinamento” são comprovadamente ineficazes. De outro, é necessário estabelecer políticas de longo prazo para atrair, formar e manter pessoas adequadamente qualificadas para o magistério.
Até que as autoridades educacionais caiam na real, vamos continuar a celebrar – justamente – o meritório esforço que fazem nossos professores. Mas isso não basta para melhorar o seu desempenho e a qualidade da nossa educação.