O fato é real: uma família brasileira, com filhos numa escola primária da Inglaterra, decidiu passar o Natal no Brasil. Só que lá agora não é período de férias. E frequentar escola é assunto sério. Se for faltar tem que avisar. Resultado: os alunos foram autorizados a faltar, mas a família pagou uma multa – cara para qualquer bolso. A multa é estabelecida pelo Conselho Escolar, com base na gravidade da falta. Poucas são as faltas justificáveis sem multa – esticar feriados ou visitar o país natal não é uma dessas. E tem mais: há incentivo para quem é pontual e penalidades para a família do aluno que chega atrasado. “God save the Queen!”.
Mas não é só a rainha. Esta é uma tendência em outros países, e em grande parte é uma resposta à imigração: se é para integrar os imigrantes à cultura, é importante que eles aprendam a obedecer e seguir os padrões locais.
A mensagem para a sociedade é clara: a escola é um direito, mas também é um dever e tem uma finalidade própria. E, sendo um dever, é devido: precisa ser levada a sério. O governo valoriza o seu investimento ao cobrar do usuário pelo serviço que foi oferecido e não foi usado. Ao faltar à escola, a família está desperdiçando recursos públicos. Se usar, é de graça. Se não usar, paga.
Estamos longe de instituir um sistema como esse no Brasil: a cultura patrimonialista e a Constituição dos direitos não ajudam. Mas já será um avanço se, em vez de insistirmos apenas na tecla da educação como direito, começarmos, em casa, na escola e na sociedade, a lembrar e a cobrar de todos que educação é também um dever. Isso vale da pré-escola à pós-graduação. Vale para a frequência diária. Vale para a pontualidade. Vale para o dever de casa. Vale para o uso do uniforme. Vale para os materiais levados e usados no dia-a-dia. Vale para a disciplina e para o respeito dentro da escola.
Como dizia minha avó, é de pequenino que se torce o pepino.