Três polêmicas de Senna que ficaram de fora da minissérie da Netflix
Trama reproduz bem corridas históricas e momentos marcantes do piloto, mas algumas controvérsias não foram encaixadas na narrativa
Lançada na última sexta-feira, 29, Senna encabeça o ranking de séries mais vistas da plataforma no Brasil, e está dando o que falar. Protagonizada por Gabriel Leone, a minissérie de seis episódios é a maior produção já feita pela Netflix no país, e dramatiza de maneira inédita a vida e carreira do tricampeão de Fórmula 1. Apesar da qualidade técnica impecável e reprodução minuciosa de corridas, figurinos e cenários que marcaram a história de Senna — e que valem a maratona — algumas controvérsias relacionadas ao automobilista, especialmente fora das pistas, ficaram de fora da trama. Confira três delas a seguir:
O namoro secreto
A trama da Netflix menciona, em maior ou menor grau, três relacionamentos de Senna: além de Xuxa (Pâmela Tomé) e Galisteu (Julia Foti), conhecidas do público, há também Lilian Vasconcelos (Alice Wegmann), a única mulher com quem ele se casou. Senna, no entanto, também namorou Adriane Yamin, mas a relação era quase secreta. Isso porque, os dois começaram a se relacionar em 1984, quando Senna tinha 24 anos e Adriane apenas 15. Eles se conheciam de vista do bairro de Santana, onde cresceram, e ficaram juntos por quatro anos, depois que se encontraram em Angra dos Reis, no iate do pai dela. A relação, no entanto, tinha regras rígidas: não envolveu relações sexuais até a maioridade dela, à pedido da família, e a garota, ainda adolescente, costumava ser mantida longe do paddock. Hoje com 54 anos, Adriane narra a história no livro Minha Garota, lançado em 2019, onde atesta que acredita que ela e Senna teriam voltado caso o piloto não tivesse morrido.
As provocações de Nelson Piquet
Nelson Piquet até aparece na produção, mas passa longe de ter a mesma participação que teve na vida de Senna. Isso porque, Piquet, assim como Prost, foi um dos principais responsáveis por espalhar boatos sobre a sexualidade de Senna enquanto eles corriam. Reservado, Senna não costumava ostentar encontros para a mídia, e raramente era flagrado em noitadas — apesar de ter suas aventuras. Na biografia Senna, O Herói Revelado, Ernesto Rodrigues conta que “o estranhamento provocado por Senna e a forma avassaladora com que ele conquistou seu espaço” fez com que “Prost, Piquet, adversários e rivais na pista, e alguns poucos jornalistas brasileiros que não simpatizavam com ele” reagissem com hostilidade, criando “brincadeiras” sobre uma possível homossexualidade.
O principal alvo das provocações foi Júnior, amigo de Senna que viajou com ele durante um tempo, atuando como uma espécie de faz tudo em sua equipe. Nas vésperas do GP da Áustria de 1987, Piquet e Prost chegaram a oferecer dinheiro a uma camareira para que ela verificasse se Senna estava no quarto com a namorada ou com Júnior. Na biografia de Senna, Galvão Bueno conta que, na ocasião, Júnior estava em um quarto com ele e Reginaldo Leme, enquanto Piquet estava com uma namorada. As provações, no entanto, foram tantas que Senna e o pai pediram para que Júnior voltasse para o Brasil. Mais tarde, Ayrton chegou a declarar que as provocações abalaram a amizade, e lamentou a situação. Trinta anos após a morte de Senna, no entanto, Piquet voltou a comentar a sexualidade do rival, afirmando que ele só passou a aparecer com mulheres para “mostrar que era macho” depois dos boatos.
Troca de socos nos boxes
Dizer que a série ignora a cabeça quente de Senna seria mentira: em mais de uma cena, ele aparece entrando em discussões acaloradas com alguns rivais, especialmente Prost. As discussões, no entanto, eram bem mais comuns, e chegaram a render a ele alguns olhos roxos. Agressivo na pista, Senna não aliviava para nenhum adversário e, por isso, se envolvia em vários acidentes, irritando os rivais. Em 1985, por exemplo, quando estava no primeiro ano na Lotus, fechou o companheiro de equipe, Elio de Angelis e, já nos boxes, acabou em uma discussão repleta de empurrões em que levou um soco do italiano. Ele seria acertado novamente em 1987, dessa vez por Nigel Mansell, que não gostou de uma manobra do brasileiro no GP da Bélgica que tirou ambos da corrida. Anos depois em 1992, Senna se irritou com Schumacher na França e chegou a pegá-lo pelo colarinho, mas conseguiram apartar a briga. Pouco depois, em 1993, o brasileiro ainda acertou Eddie Irvine em outra discussão nos boxes.