Foram muitos os nomes dados ao batalhão de guerreiras africanas do Reino de Daomé. Os colonizadores europeus as chamaram de “amazonas de Daomé”. Em casa, elas eram as agojie ou mino, termos adotados pelo filme A Mulher Rei, em cartaz nos cinemas brasileiros. O filme com Viola Davis se inspira no que há documentado sobre o exército, mas preenche lacunas com uma boa dose de ficção – especialmente toda a trama central familiar, um melodrama embalado para atrair espectadores. Confira a seguir uma lista com os personagens da trama que existiram na vida real ou se inspiraram neles.
Nanisca, a general vivida por Viola Davis
A protagonista do filme é uma personagem fictícia, mas que teve o nome emprestado de uma guerreira agojie registrada em um documento histórico. Um marinheiro francês que esteve em Daomé, hoje República de Benin, em 1889, escreveu sobre uma jovem agojie chamada Nanisca, que estava em fase de treinamento. Ele testemunhou o primeiro ataque da adolescente, que rapidamente decapitou um prisioneiro com sua espada. A posição anti-escravagista da personagem no filme não reflete o que se sabe das generais agojie. Porém, anos mais tarde, realmente foram elas que insistiram no fim do comércio de escravos na região.
O rei Ghezo, interpretado por John Boyega
O monarca retratado no filme de fato existiu e reinou entre 1818 e 1858. Ele foi um dos responsáveis por reforçar o poderio militar e econômico de Daomé – e também por investir pesado nas agojies. Durante seu reinado, o exército feminino foi de 600 para 6.000 guerreiras. Curiosamente, Ghezo chegou ao poder em um golpe de estado com a ajuda do traficante de escravos brasileiro Francisco Félix de Sousa. Foi também através do tráfico de outros africanos que Ghezo prosperou em Daomé.
Santo Ferreira, o português vivido por Hero Fiennes Tiffin
Muitos dos africanos escravizados que foram trazidos ao Brasil pelos portugueses saíram dos portos de Daomé. No filme, essa ponte é representada por Santo Ferreira, um personagem fictício, mas com fundo histórico. Ferreira pode ser considerado uma versão do filme do traficante de escravos Francisco Félix de Sousa, principal aliado de Ghezo na época de seu reinado.
Nawi, a jovem guerreira de Thuso Mbedu
Interpretada com garra por Thuso Mbedu, Nawi é uma personagem fictícia, mas que representa a realidade das recrutas daquele exército. Rejeitadas pelas famílias ou consideradas impróprias para o casamento, elas então eram dadas ao rei para se tornarem guerreiras. Nawi também teria sido inspirada na última participante viva do batalhão, que concedeu uma entrevista em 1978, aos 100 anos de idade. Ela foi uma importante fonte de informações sobre como as agojies atuavam e participou dos últimos embates do grupo contra os franceses, que venceram e dominaram a região algumas décadas depois do fim do reinado de Ghezo.