No Irã, quem aparece de gravata é considerado vendido ao imperialismo ocidental. Pode ser o modelo de laço ou o tradicional, não importa. Quem veste uma acaba sendo mal visto, assim como quem usa camisa de manga curta. Diplomatas, funcionários públicos e cidadãos que apoiam o regime dos aiatolás xiitas nunca as usam.
Nem sempre foi assim. O xá Reza Pahlevi usava gravata, assim como oficiais das forças armadas, empresários e políticos. Quando, em 1979, o aiatolá Ruhollah Khomeini comandou a Revolução Islâmica que expulsou o xá e instalou uma teocracia, muitos de seus aliados usavam gravata, incluindo alguns membros do seu gabinete. À medida em que o novo governo endureceu e começou a perseguir adversários, as pessoas começaram a ficar com medo e mudaram de comportamento. Mais tarde, a venda do acessório foi proibida por ser considerado um símbolo da decadência ocidental.
“Depois de 1979, aqueles que apoiavam o regime passaram a evitar a gravata. Mas é claro que hoje, para a maioria da população, isso é balela ou estupidez“, diz o arquiteto brasileiro Flavio Rassekh, da ONG United4Iran e filho de iranianos.
Quando ainda era presidente do Irã, em 2014, Mahmoud Ahmadinejad (que nunca usou gravata) disse que a proibição à gravata era balela. Levou um baita puxão de orelha do aiatolá Ahmad Khatami. “Eu digo a ele que muitos religiosos acreditam que gravatas não devem ser usadas. O próprio líder supremo (o aiatolá Ali Khamenei) publicou um decreto religioso dizendo que gravatas não são permitidas”.
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