João Doria se autoproclama um “filho das prévias” porque venceu duas disputas dentro do PSDB quando decidiu concorrer a prefeito e depois a governador de São Paulo. Agora que pretende concorrer à Presidência da República, ele lembra os episódios em que teve de vencer resistências internas como indicativo de que o êxito pode se repetir nas prévias marcadas para o dia 21 de novembro próximo, quando os tucanos escolherão seu candidato a presidente.
O que Doria não diz ao explicitar esse raciocínio é que anteriormente as disputas aconteceram num terreno familiar para ele, São Paulo. Agora a briga interna terá como palco o país todo, onde Doria não atrai exatamente simpatias em quantidade. Não conta com apoio da maioria dos diretórios, não é bem-visto nas bancadas de deputados federais e senadores, não goza de apreço na Executiva Nacional e não seduz o eleitorado de modo geral que não lhe dá mais que 3% das pesquisas de intenção de votos para 2022. Este dado tem reflexo no voto os filiados sem mandato nas prévias.
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Além disso, acrescente-se aos obstáculos a serem enfrentados pelo governador para a obtenção da legenda para concorrer à Presidência, o fato de os outros três candidatos internamente – Tasso Jereissati, Eduardo Leite e Arthur Virgílio Neto – estarem unidos contra ele. Todos admitem desistir em favor do colega se for para derrotar Doria.
O modelo das prévias já impôs uma derrota antecipada do governador que queria eleição pelo voto direto de todos os filiados (colégio em que São Paulo tem maior quantidade de eleitores), mas perdeu para o critério de pesos proporcionais distribuídos entre detentores de mandatos eletivos, dirigentes e filiados.
Mesmo em São Paulo, João Doria terá sua influência posta à prova pelo grupo do ex-governador Geraldo Alckmin que faz pesada e explícita carga contra ele, ameaçando sair do partido se Doria vencer as prévias. Governador de São Paulo por três vezes e duas candidato à presidente, Alckmin é muito influente na bancada federal e entre prefeitos do Estado.