
A reação das Forças Armadas a declarações do presidente da CPI da Covid-19, senador Omar Aziz, foi absolutamente desnecessária e fora do tom. No lugar de compreender o contexto das críticas de Aziz à “banda podre” que se vê envolvida nas denúncias de corrupção no Ministério da Saúde, o Ministério da Defesa fez o que mais interessa ao presidente Jair Bolsonaro e pôs lenha na fogueira de conflitos no ambiente militar.
De duas, uma: ou o ministro da Defesa, general Braga Neto, equivocou-se ao tomar a referência a um grupo específico como ofensa à conduta dos militares em geral ou atendeu a um pedido do presidente para confrontar a CPI.
Omar Aziz pontuou o constrangimento que alguns militares devem estar impondo às Forças Armadas e não fez, como disse Braga Neto em nota, “ataques levianos e vis”. O ministro da Defesa exagerou e perdeu a razão. Ou foi instado a perder a razão e exagerou.
A manifestação de ontem (07.07) foi tão ou mais desproporcional que a nota do chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, em maio de 2020, acenando com “consequências imprevisíveis para a nação brasileira” em decorrência da possibilidade de o Supremo Tribunal Federal pedir a apreensão do telefone celular de Bolsonaro no âmbito do inquérito que apura interferência dele na Polícia Federal.