Assine VEJA por R$2,00/semana
Dora Kramer Coisas da política. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Herança de velhos vícios

Legado de Temer vai do fisiologismo a aliados presos

Por Dora Kramer Atualizado em 8 dez 2017, 06h00 - Publicado em 8 dez 2017, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O presidente Michel Temer faz questão de que seu legado à nação seja firmemente defendido por quem vier a disputar a eleição presidencial alinhado com o governo. Um desejo natural, mas que gente com muito mais a legar às gerações seguintes não conseguiu.

    Publicidade

    Exemplo clássico, o do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Derrubou a inflação louca, abriu as portas da modernidade à área de telecomunicações, fez dos fundamentos do bom-senso na economia um norte, recuperou a credibilidade do Brasil no cenário internacional, incluiu o país no radar dos investidores estrangeiros e nem por isso pôde contar com uma defesa adequada desse patrimônio.

    Publicidade

    Tucano de primeiro escalão, Tasso Jereissati tratou de apoiar o adversário Ciro Gomes, e o candidato do partido, José Serra, adotou um lema de campanha em que renegava o “continuísmo”. FH também teve sua parcela de responsabilidade, dada a cândida gentileza no trato daquele que no dia seguinte à eleição qualificaria como “maldita” a sua herança, acreditando que, sucedido por Luiz Inácio da Silva a bordo da mítica do “presidente operário” e de esquerda, acrescentaria pontos relevantes à sua biografia.

    Nada mais natural que Michel Temer reivindique defesa. Notadamente considerando que o PMDB em matéria de preservação de poder tem olhos de lince na direção do passo seguinte. Ao contrário dos tucanos, referidos num passado de êxito, sem unidade de ação no presente e desprovidos de pensamento organizado em relação ao futuro.

    Publicidade

    O PSDB tinha o que defender, mas não o fez, perdendo-se na hesitação e na dubiedade de sempre. Já o PMDB se mostra disposto a pegar os mais azedos limões de sua gestão e transformar numa doce limonada. O ingrediente açucarado é a melhora significativa da economia em relação ao governo antecessor. Inegável, porém explicável pelo patamar baixo da partida e pela reação positiva natural de ações para conter a sangria recessiva produzida por Dilma Rousseff e seus delírios.

    Continua após a publicidade

    Não foi uma obra peemedebista, mas algo decorrente da troca da maluquice total pela retomada dos fundamentos da normalidade, o que por si já justificaria a necessidade do impedimento da então presidente. A ação contou com a colaboração do vice e companhia, é verdade, mas políticos e partidos não teriam feito os mesmos gestos sem o incentivo da opinião pública. Vitória, pois, da sociedade ofendida por reiteradas agressões.

    Publicidade

    O patrimônio deixado por Temer e pelo PMDB tem composição bem mais amarga. Impopularidade e avaliação negativa inéditas, duas denúncias contra o presidente (o primeiro no exercício do mandato) por corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa, fisiologismo desvairado e toda a cúpula do partido envolvida em ilícitos. Alguns integrantes do comando estão presos, outros investigados, muitos denunciados e todos encrencados.

    É com esse legado de velhos vícios que o presidente vai deparar com o eleitorado. É dessa herança que ele exige defesa por parte dos aliados. Na falta de razões para parabéns, só resta desejar sorte e bom trabalho, porque vai ser difícil.

    Publicidade

    Publicado em VEJA de 13 de dezembro de 2017, edição nº 2560

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.