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Diário da Vacina

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A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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Posso ficar grávida e tomar a vacina?

Houve pelo menos dois casos de bebês que já nasceram nesta pandemia com anticorpos, um na Espanha e outro em Singapura

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 dez 2020, 11h21

12 de dezembro, 8h42: Até quinta-feira, 52 vacinas em potencial estavam sendo desenvolvidas em todo o mundo para tentar conter a pandemia do novo coronavírus. Onze delas trabalham com a possibilidade de imunizar pacientes com apenas uma dose, como é o caso da produzida pelo laboratório Janssen-Cilag e que eu, como voluntária, estou testando. Existem outras 162 no que chamamos de fase pré-clínica, situação em que os antígenos são aplicados primeiro em roedores e chimpanzés, por exemplo. Em comum a quase todas elas está a exclusão sistemática de mulheres grávidas nos ensaios. Existe um motivo para isso, que foi me explicado na tarde de 17 de novembro, momentos antes de eu receber a dose da vacina teste da empresa farmacêutica da Johnson & Johnson.

“Se você engravidar durante ou depois da pesquisa e possuir anticorpos em resposta à vacina, nós não sabemos se esses anticorpos podem ser passados para o bebê”, disse o pesquisador principal do estudo Luis Augusto Russo. No início da nossa conversa, ele recomendou, por questões de segurança, não engravidar por dois anos. Depois, reduziu o alerta para um ano. Ao assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, documento que reúne explicações pormenorizadas do estudo científico em busca da vacina anti-Covid, o gancho contra gravidez ficou estipulado em três meses. Por garantia, antes de receber minha dose, fiz um teste de urina para confirmar que não estava mesmo grávida. Gestantes não são bem-vindas como voluntárias. Por enquanto.

O Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos e a FDA, a agência que regula medicamentos no país, receberam pedidos de cientistas para que sejam incluídas mulheres grávidas nos estudos clínicos, já que se espera que a vacinação durante a gravidez proteja tanto a mãe como o feto e o recém-nascido. Seria como vacinar uma pessoa e garantir a proteção em dose dupla. O FDA não autorizou de imediato a testagem de vacinas em gestantes por uma razão: não estão maduros o suficiente o que chamamos de estudos de toxidade reprodutiva, que é saber o quanto uma mãe com Covid ou mesmo imunizada contra a doença passa o vírus ou a proteção para o bebê. Por via das dúvidas, o FDA decidiu que animais prenhes devem ser testados antes dos humanos. É o que está sendo feito.

No caso da Covid, os cientistas ainda não têm resposta para saber se, como ocorre com a vacina antitetânica, os anticorpos são mesmo transmitidos para o bebê. Quando há esta transmissão, diz a pesquisa de que sou parte, os anticorpos repassados pela mãe geralmente duram cerca de seis meses. Houve pelo menos dois casos de bebês que já nasceram nesta pandemia com anticorpos, um na Espanha e outro em Singapura. Mas no caso do novo coronavírus tudo é ainda nebuloso, e os cientistas não têm segurança em recomendar vacinas para mulheres grávidas.

O antígeno desenvolvido pela Pfizer, por exemplo, já aprovado por autoridades regulatórias estrangeiras, não é recomendado para gestantes. Diz a bula: “Atualmente, os dados disponíveis sobre o uso desta vacina em mulheres grávidas são limitados. Se você está grávida ou está amamentando, acha que pode estar grávida ou planeja ter um bebê, peça recomendação médica antes de receber esta vacina. Como precaução, você deve evitar engravidar até pelo menos 2 meses após a vacina”.

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