6 de dezembro, 15h52: Os cientistas passaram o ano todo explicando a importância do isolamento social, do distanciamento entre pessoas, do uso de máscaras como se fosse a sua própria roupa e ainda assim temos de lidar com pessoas que acham natural e seguro promoverem confraternizações de Natal, amigo oculto do curso de ikebana, chá da tarde com as amigas da hidroginástica. No caso, integrantes da minha própria família. Interrompo a conversa em que esses planos foram apresentados e maldigo a irresponsabilidade.
Recado universal para eles e para todos que insistem em promover aglomerações pelos motivos mais banais do universo: ‘não deixe que sua carência na pandemia coloque os outros em risco’. O ano é difícil, as pessoas estão deprimidas, mas basta um vacilo desses para que você se infecte e contamine família e amigos, em alguns casos – quem sabe? – de forma grave e irreversível.
Retomo o post do dia 29 de novembro, quando mostrei um vídeo em que um médico simula os últimos momentos de vida de um paciente com Covid-19: a sua liberdade individual não vale nada quando você morre. E mais: deve ser um peso e tanto carregar pela vida o fardo de ter sido responsável por infectar pessoas que se ama. Pensem nisso.
Neste domingo, a média móvel de mortes chegou a 588, a maior taxa desde o dia 11 de outubro. E ainda tem gente que quer organizar cafezinho no jardim, como minhas parentes (faixa etária média dos convidados: 75 anos) ou ir a festas porque são “jovens e têm histórico de atleta”. Às vezes parece que cientistas, em larga escala e, nós, voluntários, de forma pontual, estamos enxugando gelo contra negacionistas de todas as espécies.