Janssen procura voluntários para nova vacina anti-Covid; Brasil está fora
A ideia é medir se duas doses podem fornecer proteção maior ou mais longa contra a doença
![EIDEN, NETHERLANDS - 2020/08/14: Janssen sign seen outside its building in Leiden.The European Commission has made agreements with American pharmaceutical company Johnson & Johnson about the purchase of a vaccine if it appears to be safe and effective against Covid-19. This vaccine is being developed under the leadership of the subsidiary Janssen Vaccines in Leiden. The envisaged contract will allow EU member states to purchase the vaccine and initially provides for 200 million doses, with an option for an additional 200 million. (Photo by Robin Utrecht/SOPA Images/LightRocket via Getty Images)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/09/GettyImages-1228055892.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
8 de janeiro, 9h01: A gigante Johnson & Johnson pretende lançar no mercado dois tipos diferentes de vacinas contra a Covid-19: uma feita com dose única, cujos testes de fase 3 foram concluídos no final do ano passado, e outro imunizante a ser aplicado em duas doses, como todos os outros fabricantes que já conseguiram autorização para uso emergencial nesta pandemia. O projeto de vacinação com dose única está no estágio em que são analisadas e compiladas as informações dos cerca de 45.000 voluntários que se submeteram ao antígeno experimental. Até o final deste mês, a belga Janssen-Cilag, braço farmacêutico da J&J, pretende anunciar a segurança e a eficácia do fármaco e, na sequência, pedir aval da FDA, a agência regulatória de drogas e alimentos dos Estados Unidos, para uso emergencial.
A segunda vacina anti-Covid da empresa, idealizada para ser aplicada em duas doses, está na fase de recrutamento de voluntários. Ao contrário do primeiro projeto, no qual me inscrevi e recebi minha dose de vacina (ou placebo) em meados de novembro, o novo ensaio clínico da Janssen não prevê a participação de brasileiros. A ideia da companhia é ter participantes na Bélgica, Colômbia, França, Alemanha, Filipinas, África do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos no projeto conhecido como “Ensemble 2” (ou Juntos, em tradução livre). Esta pesquisa será feita em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde do Reino Unido.
De acordo com o chefe global de Pesquisa e Desenvolvimento da Janssen, Mathai Mammen, a nova pesquisa da empresa pretende aplicar nos voluntários duas doses do imunizante em testes em um intervalo de dois meses. A exemplo da primeira vacina, a nova também tem por base o adenovírus 26, um vírus atenuado de resfriado com uma pontinha do espinho da coroa do novo coronavírus. A plataforma de adenovírus 26 foi usada com sucesso na criação do antígeno contra o ebola, já aprovado pela Comissão Europeia. “O motivo pelo qual estamos realizando este segundo estudo é para ver se uma segunda dose pode fornecer proteção maior ou mais longa”, anunciou Mammen.
Na pesquisa da qual sou parte, a Ensemble, o Brasil foi escolhido porque, para os cientistas, é importante ter grande variedade de raças e etnias e ter latinos e negros, comunidades que acabaram fortemente afetadas pela pandemia, entre os testados.
Na experiência clínica de que participo, a expectativa da Janssen é que a vacina produza alguma proteção já em 14 dias. No espaço de 28 dias seria atingida a imunidade de quem recebeu a dose. Como voluntários, ainda estamos na fase de duplo-cego, na qual nem os pacientes nem a equipe médica sabe quem recebeu placebo e quem recebeu a ampola com o antígeno verdadeiro. A expectativa é que o duplo-cego seja quebrado assim que for anunciada a eficácia da vacina, no final de janeiro.