Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Cristovam Buarque

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Democracia civilizada

É fundamental melhorar a educação de base para o crescimento do país

Por Cristovam Buarque Atualizado em 4 jun 2024, 09h28 - Publicado em 19 jan 2024, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Não é civilizada a democracia que precisa consultar os quartéis para saber se generais nos gabinetes e militantes nos quintais concordam com o resultado das eleições que elegeram um novo presidente e se respeitam as instituições que coordenaram o processo eleitoral. Mas tampouco é civilizada a democracia que despende parte substancial do orçamento público para fazer funcionar estas instituições e para realizar as eleições. Onde os eleitos chegam a receber salários (além de outros benefícios) equivalentes a trinta vezes o salário mínimo que os seus eleitores recebem com trabalho, e sessenta vezes mais do que a Bolsa Família para seus eleitores pobres sem emprego. Em uma democracia que tolera a corrupção direta de roubo ou indireta no desvio de dinheiro público para prioridades sem compromisso social, para mordomias e obras ostentatórias ou para financiar seus partidos; deixando dezenas de milhões com escolas deficientes, sem água ou esgoto em suas casas, ou morando nas ruas.

    Não é civilizada a democracia que, depois de décadas em funcionamento, mantém a renda nacional concentrada nos dez por cento mais ricos que recebem em média 8 000 reais per capita por mês, deixando metade da população com apenas 1 500 reais e os quarenta por cento mais pobres com míseros 250 reais, menos de 10 reais por dia. Que assegura o mesmo direito de voto a cada pessoa, mas segrega a população em um sistema de apartação onde poucos vivem em condomínios com serviços da qualidade dos ricos do Primeiro Mundo e milhões em favelas desprovidas, como se vivessem na profundidade do Terceiro Mundo.

    “Deve-se valorizar o nosso maior recurso: a inteligência da população”

    Não há civilização quando a violência assassina ao redor de 50 mil pessoas por ano, a maior parte delas afrodescendente e diversas por feminicídios. Onde parte da população está faminta, apesar de o país ser o maior exportador de alimentos no mundo. A civilização da democracia exige economia com produtividade elevada, capacidade de inovação e de inserção internacional, com sustentabilidade e, sobretudo, distribuição justa de renda. Deve-se valorizar nosso maior recurso: a inteligência da população, formando-a com liberdade e competência para buscar a felicidade pessoal e para construir o país. A falta de escolaridade na idade certa faz com que dez milhões de adultos sejam incapazes de reconhecer a própria bandeira, por não ler o lema escrito nela, e condena os matriculados a um sistema educacional segregado entre “escolas senzala” e “escolas casa-grande”, reproduzindo gerações de analfabetos para a contemporaneidade, com baixa produtividade na criação da renda nacional e sem participação na sua distribuição com justiça.

    Um ano depois, parte da população ainda apoia o ato golpista de 8 de janeiro, e os demais acreditam que basta defender as instituições democráticas. Além da repulsa à tentativa de golpe, é hora de união para civilizar a democracia. A defesa da democracia requer também unidade nacional para construir uma nação com eficiência, justiça, cultura, harmonia e integração no mundo: uma democracia civilizada. Para tanto, é preciso romper com a principal fábrica de nossas barbaridades: a baixa qualidade e a imensa desigualdade com que a educação de base é oferecida hoje aos que poderiam civilizar o país no futuro.

    Publicado em VEJA de 19 de janeiro de 2024, edição nº 2876

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.