Pesquisa BTG/FSB turbina planos de Lula para travar retomada de Bolsonaro
Novo levantamento de intenções de voto intensifica movimento do petista ao centro e alimenta tese de frente ampla contra o atual governo
A mais nova pesquisa FSB, encomendada pelo BTG Pactual e divulgada nesta segunda-feira, dá fôlego aos planos desenhados pela campanha petista para frear o movimento de retomada protagonizado nos últimos meses pelo presidente Jair Bolsonaro. Dois pontos confirmados pelo levantamento já recebem há algum tempo a atenção de líderes petistas: a ideia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode atrair votos ao centro e os elevados índices de rejeição de Bolsonaro, superiores aos do petista.
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Na primeira frente, o PT vem intensificando nas últimas semanas a estratégia para atrair eleitores que tradicionalmente não votam em Lula. O melhor dos mundos para o PT, contou à coluna um líder petista próximo a Lula, seria isolar Bolsonaro com partidos do centrão, como PP, PL e Republicanos. Seria até mesmo uma forma de jogar no colo do atual presidente a marca da velha política que ele tanto rejeitou no passado, mas acabou abraçando em nome da governabilidade.
Mas o PT sabe que é mais fácil falar do que fazer. Montar uma frente ampla contra Bolsonaro faz bem mais sentido num eventual segundo turno. Até por conta da heterogeneidade de partidos de centro, como PSD e MDB. Ou das diferenças entre o PT e o PDT de Ciro Gomes, por exemplo.
Ainda assim, a nova pesquisa trouxe números até mais otimistas do que o PT imaginava que pudesse ter a essa altura do campeonato. Com a saída de João Doria da disputa presidencial, Bolsonaro manteve seu patamar de intenções de voto em 32%, enquanto Lula avançou de 41% para 46%. É um prato cheio para o time do ex-presidente petista, que já vem há semanas martelando ideias como atrair o apoio de tucanos históricos para Lula.
O que não se imaginava era que Doria poderia transferir votos nesse ritmo para o ex-presidente. Até porque o ex-governador sempre foi tido como adversário e só. Bem diferente de nomes como Fernando Henrique Cardoso ou José Serra, citados dentro da campanha petista como tucanos com potencial de aderir a uma candidatura de Lula caso o PSDB acabe fora da corrida presidencial.
Parte desse cenário tem a ver com o outro dado relevante da nova pesquisa. Bolsonaro ostenta no levantamento BTG/FSB uma rejeição de 59%. No caso de Lula, o número de eleitores que dizem não votar nele de jeito nenhum ficou em 43%. Essa é uma tendência que já havia aparecido na pesquisa Datafolha, divulgada na semana passada. E que o PT espera preservar ao máximo até o fim da corrida pelo Palácio do Planalto.
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