Os preparativos para a conversa de Lula com Kassab
Ex-presidente e ex-ministro acumulam há meses capital político para sentar à mesa e discutir uma possível aliança na corrida presidencial
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esbanja favoritismo na corrida presidencial. E não é mistério para ninguém que o PSD de Gilberto Kassab é uma das noivas mais cobiçadas da eleição. Difícil adivinhar quem vai chegar com mais sede na reunião entre os dois, prevista para acontecer ainda próximas semanas. O encontro ainda não tem data marcada, porque Kassab mal saiu do hospital depois de se internar com Covid-19. Mas os dois lados dizem que não vai demorar.
O jogo que ambos fizeram para chegar até aqui com um bom capital político para colocar na mesa é para lá de complexo. Lula quer de qualquer jeito convencer Kassab a aderir desde já a sua candidatura presidencial. Quer poder “apertar as bochechas” do ex-ministro, como ele mesmo costuma brincar, ainda no primeiro turno. Leva em baixo do braço o cargo de vice, além de palanques estaduais.
Kassab vem indicando que já definiu claramente para onde vai, pelo menos no longo prazo. Não esconde que acredita no favoritismo de Lula e já deixou claro que quer distância do presidente Jair Bolsonaro. Mas jura que não vai trilhar esse caminho antes do primeiro turno. É questão de coerência para um partido de centro, diz ele.
Mas Lula, dizem os mais próximos, vai para essa reunião cheio de argumentos para convencer Kassab. Tem que diga, inclusive, que todo o namoro do ex-presidente com o ex-governador Geraldo Alckmin é só parte de seu plano para trazer o PSD para a campanha. Que Lula estaria disposto a rifar o ex-tucano e, numa tacada só, abrir caminho para Fernando Haddad em São Paulo e enfraquecer Kassab na negociação nacional. Afinal, a simples conversa com Alckmin indicaria que o PT não precisa tanto assim do PSD para fazer o tão desejado aceno ao centro.
Tem quem diga que o vice pode até ser Alckmin, desde que filiado ao PSD. Tem quem diga que não. Que Lula ficaria bem feliz mesmo é com um nome como Josué Gomes, filho de José Alencar. Ou do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Uma ideia que, aliás, agrada bastante a amigos de Lula, como relatou a coluna na semana passada.
Tem quem diga ainda que Kassab sempre quis se criar as condições para ele próprio seja vice de Lula. Que lançou Rodrigo Pacheco apenas para dar uma satisfação para a ala do PSD que gostaria de ver o partido bem longe do PT. E, como timing é tudo nessa vida, o presidente do Senado, curiosamente, já começou a dar sinais de que não quer mais saber dessa história de disputar Presidência.
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